Por Eric Newcomer.
No mês passado, dez gerentes das operações latino-americanas do Uber se reuniram em um escritório da empresa na Cidade do México, preocupados com o futuro. “Ao contrário de todos os presentes nesta reunião, ele nunca foi gerente-geral”, queixou-se um dos participantes.
Eles se referiam a Jeff Jones, o diretor de marketing da Target que tinha acabado de ser nomeado novo presidente do Uber, responsável pelo serviço mundial de transporte compartilhado. Como um dos gerentes, Jones veio de uma empresa varejista que tinha quase todos os seus negócios nos EUA. O futuro do Uber depende do crescimento internacional — especialmente na América Latina.
Andrew Macdonald, que supervisiona todas as operações do Uber na América Latina e na Ásia, tranquilizou seus subordinados. Ele disse que já havia convidado o novo chefe para acompanhá-lo em sua agitada programação de viagens internacionais e que era tarefa deles “garantir que ele não chegue com uma visão de mundo excessivamente voltada para os EUA”.
O Uber opera em mais de 65 cidades da América Latina e Macdonald pretende dobrar esse número até o fim do ano que vem. Ele começou a supervisionar as atividades na região há pouco mais de um ano e a quantidade de corridas aumentou dez vezes nesse período, subindo para 45 milhões em agosto. “Só precisávamos intensificar um pouco mais”, disse ele. “E quando começamos a ganhar impulso, as pessoas diziam ‘o Brasil poderia ser um de nossos cinco principais mercados.’” Hoje, o Brasil é o terceiro maior mercado do Uber, depois dos EUA e da Índia. A Cidade do México é a cidade mais movimentada do mundo para o Uber. São Paulo é a segunda.
A região é especialmente importante para o Uber por causa de uma decisão estratégica que a empresa tomou do outro lado do mundo. No dia 1º de agosto, o Uber decidiu abandonar a China, depois de ter perdido mais de US$ 2 bilhões em dois anos de guerra contra a rival Didi Chuxing. Ambas as empresas estavam subsidiando fortemente o serviço, queimando dinheiro. O Uber não foi embora de mãos vazias. A empresa ficou com uma participação de 17,5 por cento nos negócios da Didi por ter saído. De forma geral, o acordo foi visto como uma vitória para o Uber, que há muito tempo era mais fraco na China. Isso torna a América Latina, a Índia e o Sudeste Asiático, o feudo de Macdonald, ainda mais essencial para o futuro do Uber.
Macdonald acha que o Uber demorou para garantir alguns “mercados estratégicos muito grandes e fundamentais” na região, devido a regulamentações governamentais ou porque a empresa não investiu o dinheiro necessário para construir uma rede de motoristas e passageiros. Agora o Uber está mudando seu foco. Embora a empresa não tenha informado quanto está investindo na América Latina, seu escritório na Cidade do México conta atualmente com mais de 150 funcionários e a empresa contratou mais de 350 pessoas na América Latina.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.