Setembro? Dezembro? O Fed não diz quando, mas os traders não se importam

Por Daniel Kruger.

O Federal Reserve (Fed) precisa de um pouco mais de tempo para decidir quando elevar as taxas de juros pela primeira vez em nove anos. O mercado de bonds está mais interessado em saber quando será o segundo aumento.

O comunicado do Fed na quarta-feira observou que os mercados de trabalho continuam melhorando, mas não deu orientações claras sobre se os responsáveis pela política econômica planejam incrementar as taxas quando se reunirem em setembro ou se vão esperar até dezembro. De qualquer maneira, os futuros mostram que os traders estão preservando suas apostas em que o ritmo será ainda mais gradativo do que o previsto pelo banco central.

“O mais importante para o mercado não é quando o Fed vai começar a aumentar, mas quando ele aumentará as taxas pela segunda vez”, disse Gary Pollack, que administra US$ 12 bilhões como diretor de trading de renda fixa na unidade Private Wealth Management do Deutsche Bank AG em Nova York. “Essa é a questão mais crítica para o mercado, porque nos dará uma ideia do ritmo e da metodologia que o Fed adotará na normalização”.

As projeções de taxas do Fed publicadas em 17 de junho mostram que a média de previsões para a taxa de referência é de 0,625 por cento por volta do final do ano e que sobe para 1,625 por cento em 2016. Os mercados não estão calculando um segundo aumento das taxas até junho de 2016, segundo o Royal Bank of Scotland Group Plc.

Relatório

Agora, a atenção dos investidores se voltará para o relatório de emprego da semana que vem, que mostrará um acréscimo de 220.000 postos em julho e uma alta de 0,2 por cento na média de ganhos por hora, segundo a média das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg.

O Fed está navegando em águas desconhecidas no intuito de sair de mais de seis anos de taxas de juros quase zeradas. Esses esforços se complicam pelas expectativas de inflação do mercado de bonds, que são as mais baixas desde janeiro, pois os preços das commodities, entre elas o petróleo, despencaram em meio à crise do mercado acionário da China.

“O mercado de trabalho continuou melhorando, pois a criação de empregos foi sólida e o desemprego caiu”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA no comunicado da quarta-feira. O documento disse que “a subutilização dos recursos de trabalho tem diminuído”, eliminando a expressão “em certo grau” para descrever a mudança.

Crescimento mais forte

Ao enfocar o mercado de trabalho, o Fed está destacando a parte da economia dos EUA que vem registrando os resultados mais fortes e consistentes. Os empregadores americanos incorporaram em média 208.000 trabalhadores por mês em 2015, após terem contratado em média 260.000 por mês no ano passado.

Há 44 por cento de probabilidade de que o Fed eleve as taxas quando se reunir em setembro ou antes, com base na suposição de que a taxa efetiva de fundos federais seja em média de 0,375 por cento depois do começo da alta. A probabilidade de um aumento da taxa na reunião de dezembro ou antes é de cerca de 73 por cento.

“O ponto mais importante que o Fed está tentando transmitir não é o momento escolhido para o primeiro aumento, mas o ritmo, e a instituição continua tentando assessorar os mercados em relação ao caráter gradativo do ritmo”, disse Roger Bayston, vice-presidente sênior e diretor de renda fixa do grupo de renda fixa Franklin Templeton em San Mateo, Califórnia.

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