Setor de GNL vê petróleo e energias renováveis como obstáculos

Por Anna Shiryaevskaya.

O gás natural liquefeito pode ser um dos combustíveis fósseis de crescimento mais rápido, mas isso não impediu que os participantes do mercado vissem nuvens no horizonte no primeiro dia da CWC World LNG Summit, em Lisboa.
A seguir, alguns dos assuntos mais urgentes discutidos no maior evento anual do setor na Europa.

Petróleo e economia

O petróleo Brent é negociado a menos US$ 60 o barril depois de ter caído quase 11 por cento neste ano. A percepção de desaceleração econômica, que está afetando o petróleo, é um desafio para o setor de gás e GNL, disse Eric Bensaude, diretor-gerente da Cheniere Marketing.

A explosão de projetos americanos tende a oferecer contratos ligados ao gás natural de referência dos EUA, o Henry Hub, que subiu 50 por cento neste ano. Isso dificulta a concorrência com os contratos ligados ao petróleo, que dominam os acordos de longo prazo de oferta de GNL.

Energias renováveis

Com a queda de custo das energias renováveis e o desenvolvimento da tecnologia de baterias para armazená-las, o setor de gás natural se vê dentro da matriz energética futura.

“Devemos abraçar o crescimento das energias renováveis, não temos alternativa. Não faz sentido confrontá-la, isso tem que fazer parte de nosso panorama global”, disse o CEO da Galp, Carlos Gomes da Silva. “Vejo o gás natural e o GNL, em particular, não como energia de transição, mas como energia de destino.”

Déficit de investimento

A falta de decisões finais de investimento nos últimos anos deverá afetar a oferta até meados da próxima década, quando ficaria abaixo da demanda. Neste ano, Corpus Christi Train 3, da Cheniere, e LNG Canada, da Royal Dutch Shell, receberam luz verde, mas mais projetos multibilionários são necessários e esperados para o ano que vem para garantir a segunda leva de oferta.

Disparada do gás americano?

O rali dos contratos futuros do Henry Hub, referência dos EUA, neste mês, foi sazonal, relacionado a uma onda de frio, e não deve durar, segundo os participantes de painéis da conferência.

Bensaude, da Cheniere, vê uma faixa de longo prazo de US$ 3 a US$ 4 por milhão de unidades térmicas britânicas. Michael Sabel, um dos CEOs da Global Venture LNG, outra desenvolvedora de projetos de exportação dos EUA, vê a faixa em uma média de US$ 2,25 a US$ 3,25.

China

A China tem liderado o crescimento da demanda por GNL, mas esse aumento está se tornando menos certo. A China impôs uma tarifa de 10 por cento ao GNL dos EUA e os vendedores estão reorganizando os fluxos para conseguir fontes alternativas de oferta.

Impacto da expansão do GNL dos EUA em outros exportadores

A produção de GNL nos EUA tem aumentado desde que a Cheniere iniciou seu projeto Sabine Pass em Louisiana, em 2016. Isso está se tornando uma preocupação para outros exportadores, que correm para concluir projetos.

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