Por Manuel Baigorri.
As empresas do setor de saúde voltaram a acelerar os acordos.
A possível aquisição da Shire, com valor de mercado de US$ 45 bilhões, pela Takeda Pharmaceutical colocaria o total de negócios fechados pelo setor no ano até o momento bastante acima de US$ 200 bilhões, maior valor para um primeiro trimestre em pelo menos 12 anos. As transações anunciadas para o setor de saúde já chegaram a cerca de US$ 156 bilhões neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Apenas nesta semana, a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline fechou acordo para a compra da participação da Novartis na joint venture de saúde do consumidor de ambas por US$ 13 bilhões, dias depois de abandonar a busca por uma unidade similar colocada à venda pela Pfizer. Agora, a Takeda estuda executar a maior aquisição de sua história — uma proposta pela Shire que poderia colocar a japonesa entre as maiores farmacêuticas do mundo.
Após incertezas em 2017, as empresas farmacêuticas podem tirar proveito da melhora do cenário fiscal nos EUA e da ameaça menor de uma ação significativa contra os preços dos medicamentos, disse Alan Montgomery, codiretor de produtos farmacêuticos e de saúde da Herbert Smith Freehills, firma especializada em legislação corporativa.
“Acreditamos que isso, aliado ao fato de que muitas empresas do setor ainda precisam construir seus planos de projetos e entregar crescimento das receitas, continuará impulsionando as atividades de fusões e aquisições para produtos em desenvolvimento e comercializados neste ano”, disse por e-mail.
Entre os maiores beneficiários dessa onda de acordos estão Lazard, Morgan Stanley, Centerview Partners e JPMorgan Chase, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Em janeiro, a empresa norte-americana de biotecnologia Celgene fechou um dos maiores negócios de sua história com a aquisição da firma de biotecnologia Juno Therapeutics por US$ 9 bilhões. O acordo surge pouco depois de a empresa fechar a compra da Impact Biomedicines por pelo menos US$ 1,1 bilhão. O CEO da Sanofi, Olivier Brandicourt, costurou mais de US$ 15 bilhões em acordos neste ano com as aquisições da Bioverativ e da Ablynx.
Além das farmacêuticas, as provedoras de seguros de saúde e serviços também estão ativas. A Cigna fechou acordo neste mês para a compra da Express Scripts Holding por US$ 54 bilhões em dinheiro e ações, outro passo em direção à consolidação entre as empresas de seguro de saúde dos EUA e as empresas que gerenciam benefícios de medicamentos aos pacientes.
“Os fundamentos estão presentes. A dívida está disponível gratuitamente para financiar fusões e aquisições ambiciosas, a confiança é grande e a balança está inclinada para a ação devido ao medo de perder oportunidades”, disse Christopher Sullivan, sócio da Clifford Chance, empresa com sede em Londres especializada em serviços transnacionais de private equity. O ano deve continuar forte, mas há “obstáculos, como a politização cada vez maior do controle das fusões e regimes de investimento estrangeiro direto que aumentam o risco de execução”.
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