Por Mathew Carr com a colaboração de Anna Shiryaevskaya e Kelly Gilblom..
A indústria do gás natural pode ser uma de suas próprias inimigas.
A maioria dos executivos do setor de energia subestima o quanto podem reduzir emissões na extração e no transporte de gás natural, segundo pesquisa do Energy Institute. As produtoras podem reduzir os fluxos de gases causadores do efeito estufa em 75 por cento simplesmente melhorando as práticas da cadeia de abastecimento do combustível, formado principalmente por metano. Cerca de metade disso pode ser cortada sem nenhum custo líquido.
“A simples implementação dessas medidas, que se pagam sozinhas por meio da monetização do metano capturado, teria o mesmo impacto de longo prazo na mitigação das mudanças climáticas que o fechamento imediato de todas as usinas de energia movidas a carvão da China”, disse Christophe McGlade, analista de petróleo e gás da Agência Internacional de Energia, que contribuiu para o relatório.
O metano chega ao ar em vários pontos entre a extração e a entrega. Como retém mais calor que o dióxido de carbono, ele contribui fortemente para o aquecimento global. Apesar disso, informações confiáveis a respeito dos volumes liberados são escassas, o que está gerando pressão dos investidores que desejam proteger o clima.
Dois terços dos 189 participantes da pesquisa afirmaram que ficaram “surpresos com a escala das possibilidades” de redução das emissões.
“Muito se falou sobre o gás como ’combustível de transição’, e várias petroleiras estão mudando seus portfólios de hidrocarbonetos em direção ao gás”, disse Vivienne Cox, vice-presidente do Energy Institute e ex-executiva da BP. “Os profissionais do setor tendem a subestimar a necessidade de descarbonizar o gás para cumprir os compromissos climáticos assumidos em Paris.”
O Energy Institute realiza nesta semana, em Londres, a Semana Internacional do Petróleo, um encontro de três dias da indústria global de petróleo e gás.
Quase metade da indústria do gás não toma medidas para a captura e o armazenamento do carbono (CCS, na sigla em inglês), embora essa tecnologia seja considerada o meio mais efetivo de reduzir as emissões geradas pelo consumo do combustível, mostrou a pesquisa. Cerca de um quarto dos consultados apoiaram pesquisas sobre CCS e uma parcela similar se mostrou favorável a projetos-piloto de grande escala.
É necessário usar CCS para cumprir as metas do acordo climático de Paris e impedir que as temperaturas subam 2 graus Celsius, segundo a Cicero, com sede em Oslo, que oferece pesquisas sobre ações climáticas aos investidores.
40 por cento dos consultados na pesquisa afirmaram que o gás continuaria desempenhando um papel menor na indústria de transporte até 2050; 30 por cento disseram que o gás forneceria uma proporção significativa dos combustíveis de transporte; 26 por cento disseram que o gás forneceria uma proporção significativa dos combustíveis de transporte como fonte de hidrogênio; 4 por cento disseram que o gás seria gradualmente eliminado enquanto combustível de transporte.
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