Setor relojoeiro suíço usa impressão 3D na fabricação

Por Corinne Gretler.

Quando o eixo da máquina de costura de sua esposa quebrou, Michael Sorkin não quis comprar outra. Em vez disso, ele comprou uma impressora 3D e construiu a peça.

Quatro anos depois, ele está usando essa tecnologia para mudar o modo de fabricação do relógio suíço que você pode ganhar de Natal.

Em uma tarde chuvosa no escritório pouco iluminado de Sorkin, no centro de Berlim, um funcionário de jaleco branco confere o andamento de seis cubos tingidos de laranja translúcido. Um laser fatia silenciosamente a resina, camada a camada. O produto da Formlabs: impressoras 3D. Entre os clientes interessados estão as fabricantes suíças de relógios e joias, que vêm testando discretamente o potencial do processo.

“Se você não se preocupar com as novas tecnologias, você sairá perdendo”, disse Sorkin, diretor administrativo da Formlabs na Europa, apontando para os modelos impressos de bonecos usados em filmes e de anéis usados por joalherias, espalhados sobre uma mesa na sala de reunião. “Estamos revolucionando um setor que não muda há séculos, dando um novo ar a ele.”

Para os fabricantes de relógios suíços, que atravessam a época mais desafiadora desde o lançamento de relógios a bateria nos anos 1970, novas tecnologias poderiam ajudar a acelerar a fabricação e a conter os custos. A queda da demanda na Ásia se espalhou para a Europa e os EUA neste ano, o que levou empresas como a Richemont a realizar demissões, recomprar das lojas os estoques que não foram vendidos e voltar a se dedicar a modelos mais acessíveis.

Cerca de 64 por cento dos mais de 50 executivos do setor relojoeiro entrevistados pela Deloitte neste ano disseram que já utilizam a impressão 3D para protótipos. A Swatch Group afirma que essa tecnologia é implementada com diversos fins. TAG Heuer a utiliza para modelos de fivelas e coroas. A Romain Jerome, cujos relógios mecânicos chegam a custar 200.000 francos suíços (US$ 194.000), convocou as empresas 3D Zedax e I.materialise para imprimir seus protótipos de caixas, mostradores e pulseiras.

A Richemont, proprietária das marcas Cartier e Montblanc, patrocina uma cadeira de pesquisa na universidade politécnica de Lausana que investiga tecnologias de micromanufatura, inclusive impressão 3D. A Montblanc, que vem usando-a há cerca de três anos para fabricar protótipos, pretende substituir algumas das impressoras mais antigas porque essa tecnologia está avançando rapidamente.

“É a melhor e mais rápida forma de ter uma indicação extremamente precisa do volume e do formato de determinada peça”, disse Davide Cerrato, diretor da unidade de relógios da Montblanc, em entrevista por telefone. “O resultado sai em poucas horas, então dá para ver se o que está sendo projetado também funciona tridimensionalmente. É muito preciso e parecido com o produto final.”

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