Soberano pode emitir títulos estrangeiros com queda dos rendimentos, diz chefe da dívida externa

Por Andre Soliani.

O Brasil pode considerar a emissão de novos títulos denominados em dólares pela primeira vez desde setembro de 2014, disse em entrevista no dia 2 de março, Marcia Tapajós, chefe de operações da dívida externa do Tesouro. Seus comentários foram editados e condensados.

E o programa de recompra do Brasil. . .
Nós sempre comparamos o preço secundário com o preço que consideramos justo. Quando há uma oportunidade e não uma oferta, eu compro. Nós estávamos mais ativos em dezembro.

E os rebaixamentos soberanos. . .
Em um período muito curto de tempo, tivemos três rebaixamentos, da S&P, Fitch e Moody’s. Os mercados estão se adaptando a esse novo cenário. Precisamos descobrir o que é o novo nível. Para demonstrar o quão difícil é descobrir isso, após o rebaixamento da Moody’s, vimos uma queda de 70 pontos-base no rendimento de 2025. O mercado trabalha sempre com a perspectiva mais pessimista. Já havia uma expectativa de outro rebaixamento, de modo que no momento em que aconteceu a incerteza foi removida.
 

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Nova emissão. . .
Nós já temos todo o nosso financiamento para 2016 e parte de 2017. Se a tendência continuar, e atingir um nível que pensamos ser justo, podemos avaliar a possibilidade de venda de títulos.

O tamanho da venda. . .
Pode ser uma pequena operação, mas não por causa de falta de procura. Não temos a necessidade de financiamento.

Sobre onde emitir na curva. . .
Os nossos benchmarks hoje já têm um volume significativo no mercado. Se estivéssemos explorando o mercado, a nossa primeira opção seria provavelmente um novo vínculo. O ponto ótimo é sempre 10 anos, é o vínculo que as pessoas olham. Os títulos que têm maior demanda são os com um horizonte de 5 a 10 anos.
 

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Em que moeda vender. . .
A curva mais barata é em dólares. Nós vendemos na curva de euros em 2014, e é também um mercado para olharmos com um pouco mais de interesse. Eu não fecho a porta para outras emissões, mas é uma decisão estratégica que não se trata de custo. Se entrarmos em um mercado pretendemos ser ativo nele.

E títulos denominados em reais. . .
O mercado em reais é o mais difícil. Nós nunca fomos capazes de ter liquidez nesse mercado, e isso é complicado para os investidores.

Em empresas. . .
Nós não falamos diretamente com as empresas. Alguns bancos vieram aqui e disseram que seria bom se entrarmos no mercado porque isso iria abrir o mercado para algumas empresas que precisam de um ponto de referência. Parte do papel do Tesouro é este, a fim de facilitar o mercado para as empresas brasileiras.

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