Por Tatiana Freitas
Enquanto as tarifas chinesas afetam o setor agrícola dos EUA, a demanda pela soja brasileira não mostra sinais de desaceleração.
Os importadores da China não esperaram a oficialização das taxas contra as remessas dos EUA — alguns deles já vinham ampliando as compras do Brasil. O país asiático comprou 17 por cento mais soja brasileira em maio em comparação com o mesmo período do ano anterior, elevando as remessas totais para 12,4 milhões de toneladas, um recorde mensal. Neste mês, as exportações totais deverão atingir o maior valor já registrado para junho, segundo Tarso Veloso, analista da AgResource em Chicago.
As exportações do Brasil aumentaram mesmo depois de a greve nacional dos caminhoneiros interromper o transporte rodoviário por 10 dias em maio. As exportações continuaram porque os estoques nos armazéns dos terminais portuários eram muito maiores do que os esperados, disse Veloso. O Brasil é o maior fornecedor mundial de soja.
A greve ainda assim provocou alguns atrasos nos embarques, o que gerou um aumento dos compromissos de exportação para junho. A programação de embarques em 8 de junho sugere que as exportações poderiam atingir 11,1 milhões de toneladas neste mês, disse Veloso. O total contrastaria com 9,2 milhões de toneladas de um ano antes, de acordo com as estatísticas do governo.
O Brasil deve exportar 71 milhões de toneladas no período de 12 meses que termina em fevereiro, segundo a AgResource. Se a China de fato impuser tarifas à soja dos EUA, o Brasil poderia embarcar até 85 milhões de toneladas, disse Veloso antes do anúncio das tarifas, na noite de sexta-feira, pelo horário de Nova York.
Com o aumento da demanda pela oferta brasileira, os preços da commodity deram um salto. O prêmio pago para embarque da soja em julho no porto de Paranaguá, subiu 26 por cento na semana passada, para US$ 1,05 o bushel, segundo dados da Commodity 3. Em contrapartida, os futuros da soja negociados em Chicago tiveram o terceiro prejuízo semanal seguido.
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