Por Yuji Nakamura e Takashi Amano.
A grande ideia da Nintendo para a próxima tendência dos videogames é uma máquina que funciona igualmente bem como um dispositivo móvel e em uma tela de TV grande. Até o momento, pouca gente ficou impressionada.
Muito aguardado, o trailer lançado na quinta-feira do aparelho, chamado Switch, não animou investidores nem jogadores após meses de especulações de que a empresa com sede em Kyoto revolucionaria novamente os videogames, como fez com o console baseado em movimentos Wii em 2006.
“Eu adoro o conceito do Switch, mas é isso que ele parece: um conceito”, disse Elliot King, 33, que trabalha no ramo de Relações Exteriores e mora em Tóquio. “Pessoalmente, não comprarei.”
A reação dele é um indicativo do motivo da queda de 6,6 por cento das ações da Nintendo na sexta-feira, que eliminou US$ 2,4 bilhões do valor de mercado da empresa. Após cortejar os investidores por mais de um ano com a promessa de “uma maneira completamente nova de unir hardware e software”, o Switch foi uma grande decepção, disse Amir Anvarzadeh, chefe de vendas de ações japonesas da BGC Partners em Cingapura.
“Em uma era de aparelhos inteligentes, em que é possível jogar em qualquer lugar, não acho que este aparelho tenha um conceito muito revolucionário”, disse Anvarzadeh. “Você pode conectar em casa e depois desconectar e levá-lo embora, mas e daí? Esperávamos uma pitada maior da magia da Nintendo e não vimos isso. O mercado está certo em se desfazer das ações.”
A queda de sexta-feira foi ainda pior que a reação do mercado ao console Wii U, lançado após o Wii, que foi uma tentativa de combinar a experiência de jogar em tela grande e em um aparelho portátil. As ações da Nintendo caíram 5 por cento em 8 de junho de 2011, um dia depois de a companhia lançar o Wii U em uma conferência de jogos. Até junho, a Nintendo vendeu 13 milhões de unidades do Wii U, menos de um terço das 40 milhões de unidades vendidas do PlayStation 4, da Sony, e uma fração das 101 milhões vendidas do Wii original.
O vídeo de quinta-feira se concentrou basicamente na geração Y. Isso sugere um distanciamento em relação à missão da Nintendo de produzir jogos para toda a família. A diferença fica particularmente clara na comparação com um vídeo que apresentou o Wii, há mais de uma década, mostrando avós jogando com crianças. A companhia está tentando criar um nicho entre os jogadores casuais de smartphone e os usuários frequentes de consoles.
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