O especialista de mercado Vitor Martinez e o analista Thomas Mahfuz contribuíram para a elaboração deste artigo.
O contexto
O Fundo Monetário Internacional revisou as estimativas para o PIB da Argentina, projetando quedas de 2,6 por cento em 2018 e 1,6 por cento em 2019. Nos dois casos, 0,4 ponto percentual pior do que as previsões divulgadas em julho.
A produção agrícola diminuiu por causa de uma seca severa. O país também enfrenta aumento nos custos de captação e “incerteza persistente sobre o sucesso do plano de estabilização”, segundo relatório do FMI. O presidente do banco central pediu demissão em setembro, depois de apenas três meses no cargo.
O panorama atual pode lembrar investidores da moratória da dívida externa em 2001. A Argentina voltou aos mercados internacionais de títulos somente em 2016, após resolver pendências jurídicas com credores.
A questão
O FMI aprovou a liberação de até US$ 57 bilhões para a Argentina lidar com a crise cambial. Seria o maior empréstimo já feito pelo fundo.
O custo da proteção contra calote da dívida do país tem flutuado bastante neste ano. O preço dos contratos de CDS (credit default swaps) atingiu o ponto máximo em agosto — após o governo solicitar aumento da linha de crédito ao FMI, inicialmente de US$ 50 bilhões — e recuou durante as negociações, mas voltou a subir.
“O mercado não estava esperando isso”, disse Shamaila Khan, da AllianceBernstein de Nova York, sobre as conversas para aumentar a linha de crédito. “Mas isso ajuda a resolver muitos dos problemas de financiamento deles no próximo ano.”
A volatilidade pode acrescentar até 2 pontos percentuais aos rendimentos dos títulos soberanos em meio aos preparativos para a campanha de reeleição do presidente Mauricio Macri. Historicamente, saltos nos rendimentos coincidem com a ampliação da diferença entre os títulos denominados em dólares emitidos sob a legislação de Nova York e títulos emitidos sob a lei argentina.
Uma análise das incertezas sugere oportunidades de arbitragem em situações futuras de disparada nos rendimentos da dívida do país.
Acompanhamento
As curvas Bloomberg ajudam investidores a avaliar o risco da dívida soberana da Argentina e o risco relativo das emissões locais e internacionais.
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