Startup aposta em ‘dark pool’ para estudantes universitários

Por Annie Massa.

Os profissionais de Wall Street mergulharam de cabeça nas chamadas “dark pools”, bolsas privadas exclusivas onde podem trocar ações entre si em segredo. Agora surge um empreendedor com um novo apelo: uma dark pool para as massas, especialmente investidores jovens.

Vamos chamá-la de “piscina infantil”.

Pular nessa piscina requer um pouco de fé. De sua base próxima a Boston, Tony Weeresinghe está tentando convencer clientes a deixar corretoras on-line e negociar através de seu novato sistema na Ustocktrade. Weeresinghe, ex-executivo da Bolsa de Valores de Londres, diz que sua minúscula “piscina” é mais barata do que as E*Trades ao redor do mundo. Oferece transações de ações por US$ 1 — comparado com a faixa de US$ 4 a US$ 7 de companhias tradicionais — e sem a exigência de uma quantia mínima para a conta.

Além disso, diz Weeresinghe, a Ustocktrade proporciona um pouco de aventura — e opera principalmente como uma entidade filantrópica. Tudo para atrair um de seus públicos-alvo, estudantes universitários, que respondem por 20 por cento do total de clientes. Para o presidente da empresa, o investimento barato é uma forma de ajudar os clientes a quitar empréstimos estudantis.

“A ideia era democratizar a riqueza”, disse Weeresinghe. “A geração mais jovem é muito mais aventureira.” Grandes investidores recorreram às bolsas privadas porque queriam esconder suas estratégias de rivais e evitar uma valorização de ações que queriam comprar. A estratégia faz menos sentido no caso de pequenos investidores, dizem ex-funcionários de agências regulatórias.

A Ustocktrade também informa aos clientes no site da empresa que eles negociarão com outros investidores, mas, frequentemente, não há quantidade suficiente para a transação ir em frente. Ao contrário de outras bolsas, a Ustocktrade nunca envia ordens para negociar com outras plataformas. Portanto, como especificado pela empresa em seu acordo com os usuários, os clientes acabam negociando com um único sofisticado profissional, o chamado superusuário, que é o próprio Weeresinghe.

Em todos os casos, a empresa garante que irá oferecer o melhor preço oficial do mercado, que é mostrado aos clientes em seus comprovantes de negociação juntamente com o exato momento em que a transação foi realizada. No entanto, o superusuário não é obrigado a fazer a intermediação, por isso a empresa avisa que, em condições de mercado difíceis, ele pode não conseguir executar as ordens. Essa situação preocupa alguns especialistas em regulação e associações de defesa dos investidores.

Pequeno investidor

Pensadas para grandes clientes institucionais, as principais dark pools de bancos fazem transações de peso. Há poucas semanas, a dark pool do UBS, que é a maior de todas, negociou 459 milhões de ações de grandes empresas. A Ustocktrade processou cerca de 3.500 ações, por isso a plataforma depende do CEO superusuário.

“Sua estrutura é muito incomum em negociações de varejo”, disse Tyler Gellasch, diretor-executivo da Healthy Markets Association e ex-assessor da SEC. “Acredito que os reguladores teriam muitas perguntas sobre como a empresa lida com seus conflitos de interesse.”

A Ustocktrade, que começou a operar em janeiro de 2016, disse que precisa da intervenção do CEO até conseguir uma quantidade suficiente de transações para os investidores. “O objetivo é que o sistema se expanda até um ponto em que nenhum superusuário seja necessário e todas as transações ocorram de cliente para cliente”, disse a empresa em um comunicado.

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