Por Jing Cao.
Primeiro veio o mouse de computador. Depois a tela de toque. Agora, o setor tecnológico está buscando uma nova interface entre os seres humanos e as máquinas — desta vez, uma que fará com que os headsets de realidade virtual se tornem tão populares quanto os computadores e os smartphones. O homem que inventou o tablet LeapPad para crianças está apostando que esse aplicativo revolucionário está na sua cara: os olhos.
A startup de Jim Marggraff, Eyefluence, desenvolveu uma tecnologia que sabe para onde as pessoas estão olhando e possibilita que elas manipulem objetos do mesmo modo em que fazemos agora ao clicar com um mouse ou tocar um ícone. Além de fomentar uma experiência mais natural e envolvente, o sistema foi elaborado para aliviar o enjoo que alguns usuários de RV (Realidade Virtual) sentem e aumentar a segurança com a varredura da íris.
Marggraff disse que a maioria das grandes fabricantes de headset demonstrou interesse em obter a licença da tecnologia de sua empresa com sede em Milpitas, na Califórnia. A Motorola Solutions, um dos principais investidores, está testando a tecnologia para equipes de emergência e vê possibilidades nas áreas de mineração e medicina. “Basicamente, você pode interagir no mundo virtual simplesmente olhando para o objeto com que quer interagir”, disse Peter Diamandis, fundador da X Prize Foundation, que assessora a Eyefluence e já viu a tecnologia.
A maioria dos headsets de RV usa algum tipo de dispositivo para a cabeça (como o controlador de um jogo) ou movimentos da cabeça para a navegação. Essas técnicas estão longe de ser ideais porque exigem muitos movimentos que se tornam cansativos, e pesos-pesados do setor, como Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, concordam que algum tipo de tecnologia baseada no olhar é fundamental para melhorar e popularizar a tecnologia de RV. Entusiastas dos jogos também afirmam que o monitoramento do olhar melhoraria consideravelmente a experiência dos jogos porque tornaria mais fácil seguir objetos e interagir com os personagens.
Uma série de empresas, com nomes como SensoMotoric Instruments, Tobii e The Eye Tribe, já estão trabalhando com aparelhos que monitoram o olhar e que poderiam ser conectados a diversos headsets. Outra empresa, chamada Fove, afirma que em breve terá o primeiro headset com uma versão desta tecnologia. Mas a maioria se limita à varredura da íris para fins de segurança e ao reconhecimento de para onde o usuário está olhando — apontando, mas não clicando.
A Eyefluence dá um passo além, não apenas usando os olhos como um cursor, mas possibilitando que eles selecionem, aproximem ou girem — coisas que atualmente são possíveis ao dar um ou dois cliques com o mouse ou ao tocar e arrastar o dedo em uma tela de toque. Os olhos são os órgãos que mais rapidamente se movem, capazes de se deslocar 900 graus por segundo, o que significa que o software de interface da Eyefluence permitirá dizer ao computador o que fazer com muito mais rapidez. Esta tecnologia resume dois ou até três passos do processo em apenas um: por exemplo, de olhar para um objeto, mover a mão e tocá-lo ou clicá-lo para simplesmente olhar. “Parece algo quase mágico, como se o sistema soubesse o que você quer antes de você informar isso ao sistema”, disse Diamandis. “É praticamente como se ele lesse sua mente”.
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