Startups disputam profissionais com empresas mais antigas

Por Sarah McBride.

Quando começou a pensar em deixar a Apple neste ano, Darren Haas considerou por um breve período o Uber, onde muitos amigos trabalhavam. Mas em vez disso, o engenheiro de computação em nuvem buscou uma oportunidade que considerou mais emocionante: a General Electric.

Na cabeça dos talentos do Vale do Silício, o fator emoção normalmente não combina com uma empresa industrial criada há um século. Mas, segundo Haas, os maiores desafios da GE, como manter aviões no ar e sistemas de água de países em funcionamento, o conquistaram. Agora, ele tenta convencer possíveis contratados de startups em estágio avançado com esses mesmos grandes projetos, além de uma remuneração competitiva.

“Você está apostando na loteria”, diz ele a candidatos que gostam da ideia de receber em ações em uma startup. “Há muitos altos e baixos. A GE é estável.” Desde que entrou na empresa, em junho, ele recrutou diversos engenheiros dos chamados unicórnios — startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão –, algo que segundo ele teria sido muito mais difícil no ano passado, quando os unicórnios estavam em grande forma.

O típico dilema entre trabalhar em uma empresa estabelecida de capital aberto e em uma startup é o seguinte: empresas jovens geralmente não conseguem pagar grandes salários, mas oferecem opções que podem tornar seus funcionários ricos se tudo der certo. Empresas mais antigas normalmente pagam mais, mas seus funcionários não viram multimilionários. A perda de brilho dos unicórnios inverte a balança a favor de empregadores mais estáveis.

Há 15 meses, a empresa de buscas locais on-line Yelp disse que a “bolha dos unicórnios” estava afetando seus números, inclusive o custo de desenvolvimento de produto, que subiu 3 pontos percentuais, para 20 por cento da receita.

“Esse número depende da remuneração do mercado”, disse Geoff Donaker, diretor de operações do Yelp, na época, em teleconferência. “Faremos o que for possível para tentar conter a onda e sair dessa situação.”

No balanço do terceiro trimestre, divulgado neste mês, os custos de desenvolvimento de produtos haviam caído para 19,5 por cento da receita. A contratação menos frenética de engenheiros pelos unicórnios significa que o Yelp e outras empresas não precisam pagar tanto aos codificadores de softwares para lançar novos serviços web e atualizações de aplicativos. As ações do Yelp mais que dobraram desde que atingiram o menor patamar de 2016, de US$ 15,23, no início de fevereiro.

Alguns unicórnios, como Uber, Airbnb e Snap, ainda estão prosperando. Mas existem dúvidas a respeito de quanto mais a avaliação dessas empresas poderá subir. Isso tem facilitado a tarefa das companhias de capital aberto na hora de recrutar candidatos que antes poderiam ter preferido ações de startups que podem vir a dobrar, triplicar ou conseguir um múltiplo maior em uma oferta pública inicial ou aquisição.

A maré começou a mudar no início do ano, por exemplo, na Veeva Systems, uma empresa que produz softwares de ciências biológicas.

“O que parecia uma oportunidade fenomenal nesse próspero unicórnio há 60 ou 90 dias não parece tão boa agora e estamos vendo o reflexo disso nas contratações”, disse o diretor financeiro da empresa, Timothy Cabral, em conferência, em março.

As ações da Veeva acumulam alta de 37 por cento no ano e subiram 92 por cento desde que atingiram o menor patamar em 2016, em 11 de fevereiro.

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