Surfistas em busca do paraíso estimulam crescimento econômico

Por Michael Heath.

Descobrir um novo lugar para surfar abre a possibilidade de estar sobre uma prancha em comunicação direta com a natureza. No entanto, o inevitável fluxo de hordas de surfistas também pode desencadear uma explosão de crescimento econômico, de acordo com uma nova pesquisa.

Uma pesquisa sobre mais de 5.000 pontos de surfe em 146 países sugere que a descoberta de ondas de alta qualidade pode elevar o crescimento econômico em 2,2 pontos percentuais ao ano na região circundante, segundo uma pesquisa co-escrita por Sam Wills, economista e professor da Universidade de Sidney. Ele diz que os responsáveis pela política econômica poderiam aproveitar pontos de surfe como forma de gerar empregos e reduzir a pobreza, especialmente nos países em desenvolvimento.

“Realizamos quatro conjuntos de experimentos e todos eles confirmam que ondas boas aumentam significativamente o crescimento, em particular após descobrimentos recentes e durante os anos de El Niño”, disse Wills. Estima-se que há mais de 35 milhões de surfistas em todo o mundo e com eles novos pontos vão “continuar sendo descobertos e criados; e vão continuar crescendo em popularidade à medida que economias populosas e ricas em ondas, como Brasil e Indonésia, consumirem mais lazer”, disse ele.

A pesquisa foi inspirada por uma viagem a Taghazout, no Marrocos, quando Wills buscava um lugar quente e tranquilo para surfar nas férias. Na ida, ao sobrevoar o deserto durante o pôr do sol, tudo estava escuro — menos um lugar que resplandecia como o centro de Sidney. Ao chegar, ele descobriu que o pequeno vilarejo de pescadores antigamente sossegado havia sido invadido por surfistas e, mais tarde, decidiu pesquisar tendências globais similares.

Seu trabalho valeu-se de imagens de satélite das emissões de luz noturnas de áreas próximas a pontos de surfe como um indicador do crescimento econômico e analisou também aumentos populacionais subsequentes. Foram usados dados de 1992 a 2013. No artigo, Wills citou Tarik Senhaji, diretor geral do Fundo de Riqueza Soberana do Marrocos: “Surfistas marcam tendência, depois os outros turistas imitam”.

Um ponto de surfe de alta qualidade, apadrinhado por surfistas intrépidos, oferece um foco para o investimento e pode se tornar a base de uma indústria turística maior. Wills cita Taghazout, a Baía de Byron na Austrália, a Baía de Jeffreys na África do Sul e a Baía de Arugam no Sri Lanka, lugares que começaram como pequenas cidades de surfe.

Embora seja bem sabido que fenômenos naturais como rios e solo fértil sempre foram importantes para o crescimento econômico, este estudo “oferece algumas das primeiras evidências de que as atrações naturais também são importantes”, disse Wills. Atrações desse tipo aumentam a produtividade porque estimulam o crescimento de indústrias recreativas e do turismo, disse ele, ao mesmo tempo em que atraem trabalhadores dispostos a receber salários mais baixos e empreendedores contentes com lucros menores por causa da proximidade de ondas boas.

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