Por Tais Fuoco.
Aumentar o endividamento, investir em aquisições e pagar o máximo possível de dividendos, tudo isso sem perder o grau de investimento: esse é o plano da Transmissora Aliança de Energia Elétrica, que aposta numa folga na sua estrutura de capital para se beneficiar do otimismo em relação ao setor de infraestrutura no Brasil sem alarmar credores e acionistas.
O governo brasileiro prevê investimentos de cerca de R$ 108 bilhões pelo setor de transmissão de energia no período entre 2019 e 2027 e a Taesa pretende fazer parte do movimento sem abrir mão de duas premissas: “pagar o máximo de dividendos e manter o investment grade”, segundo Raul Lycurgo Leite, presidente da companhia, referindo-se à nota de risco nacional da empresa nas três principais agências de rating.
A companhia vem mantendo o pagamento de, em média, 90% do lucro em dividendos e pretende manter o índice. “Não há chance de o crescimento ser à custa do pagamento de dividendos”, disse Lycurgo, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. A Taesa deve encerrar 2019 como uma das três empresas com maior dividend yield do Ibovespa, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.
Em 2020 e 2021 a companhia prevê dispêndio intenso de capital para implantar projetos adquiridos e participar de novos leilões, o que pode levar o atual índice de alavancagem de 1,7 vez para perto de 3 vezes. “As agências de rating dizem que com alavancagem de até 4 vezes mantemos o grau de investimento”, disse Marcus Pereira Aucélio, diretor financeiro, na mesma entrevista.
Com caixa de cerca de R$ 1,2 bilhões ao final do primeiro trimestre deste ano, a Taesa se prepara para ir a mercado em mais uma captação de longo prazo, a exemplo do green bond de 25 anos emitido em maio. Com caixa reforçado e perfil da dívida alongado, ela acredita que estará apta a captar as oportunidades de crescimento.
Além do leilão de linhas de transmissão que o governo pretende fazer em dezembro, a Taesa olha oportunidades de adquirir ativos que sejam colocados à venda, admitindo “avaliar” ativos dos quais a indiana Sterlite pode se desfazer. Já o Banco Pátria pode colocar a Argo Energia, dona de 1.100 quilômetros de linhas de transmissão, à venda, segundo O Estado de S. Paulo. A Eletrobras também pode decidir vender participações minoritárias em transmissão ou em energia renovável.
“Analisamos tudo. É uma questão de preço, retorno e risco”, diz o presidente da Taesa, companhia que completa 10 anos este ano. “Cobrir o país todo é uma questão de oportunidade”.