Tática quantitativa alimenta volatilidade do S&P 500

Por Dani Burger.

Investidores que se mantêm fiéis às empresas mais badaladas neste período de montanha-russa no mercado acionário dos EUA não se sentiam tão zonzos há anos. Há uma força maior atraindo o mercado para um tombo ainda maior.

Tudo se resume a oscilações violentas associadas ao estilo de investimento quantitativo mais quente da atualidade: o chamado momentum, que aposta nas ações de melhor desempenho no último ano.

O fator puxou a queda das bolsas na terça-feira, quando o S&P 500 caiu pelo 12º em 14 pregões. A volatilidade em 40 dias do índice saltou para o maior nível em mais de dois anos, segundo dados da Bloomberg. As carteiras puras de momentum dos EUA oscilam entre ganhos e perdas há oito pregões.

As bolsas americanas agora se mostram reféns do ziguezague das ações que voaram mais alto – desafiando a narrativa em Wall Street segundo a qual temores relacionados ao crescimento da economia estão acabando com a longa fase de ganhos no mercado acionário.

“Fatores e exposição a setores são responsáveis por mais da variação nos retornos do mercado, tornando a seleção de fatores e setores mais importante do que as tendências macroeconômicas”, escreveu Dennis DeBusschere, estrategista-chefe de carteiras da Evercore, em nota enviada a clientes.

Uma versão do momentum que é neutra em relação à direção do mercado caminha para encerrar outubro com o segundo pior desempenho mensal desde abril de 2016.

Neste contexto, não surpreende que a volatilidade do mercado de câmbio global e o mercado à vista de títulos de alto risco (junk bonds) tenham se mantido relativamente estáveis enquanto o mercado acionário enfrenta um furacão. Riscos macroeconômicos explicam somente 29 por cento do retorno do S&P 500, vindo de 41 por cento há duas semanas, de acordo com dados da Evercore ISI.

O dólar e a curva de juros estão influenciando menos as oscilações de preços das ações, segundo a firma.
“O declínio da contribuição do risco macroeconômico à volatilidade do S&P nas últimas duas semanas é um evento três sigmas”, ou seja, acontece menos de 0,3 por cento das vezes em circunstâncias normais, segundo o relatório de DeBusschere.

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