Telefónica pode ter 1º presidente não indicado por governo

Por Rodrigo Orihuela e Manuel Baigorri, com a colaboração de Charles Penty e John Follain.

Dias antes de anunciar sua saída do cargo de presidente do conselho e CEO da Telefónica, César Alierta embarcou em um avião privado para Roma para conversar com o papa sobre seu plano, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

Alierta, 70, falou mais de uma vez com o Papa Francisco enquanto decidia uma mudança depois de quase 16 anos à frente do antigo monopólio de telefonia da Espanha, de acordo com as fontes, que pediram para não serem identificadas discutindo assuntos particulares. Apesar de que o COO da Telefônica José María Álvarez-Pallete é o aparente herdeiro há mais de três anos, a decisão de sair agora aconteceu nas últimas duas ou três semanas, disseram as fontes. A morte da esposa de Alierta no ano passado, também fez com que dedicasse menos tempo à empresa, eles disseram.

Alierta, que vem de uma família de políticos, construiu sua carreira ao ter as conexões certas, e usou o ambiente político da Espanha a favor dos interesses de sua companhia. Ficou evidente seu sentido de oportunidade quando anunciou seu sucessor.

“Alierta estava associado com uma certa geração de líderes empresariais”, disse Ricardo Wehrhahn, sócio-diretor da Intral Strategy Execution, uma empresa de consultoria bancária e empresarial em Madri. “Eram pessoas de negócios com conexões políticas e isso foi muito importante. A nova geração é mais técnica”.

Alierta vai continuar envolvido, como membro do conselho e presidente da Fundação Telefónica, a plataforma de responsabilidade social da empresa, que foi parte de suas conversas com o papa, disseram as fontes.

Eles se tornaram amigos quando o Papa Francisco, agora líder da igreja católica, estava em Buenos Aires, de acordo com as fontes. Juntos, eles discutiram como impulsionar o acesso digital a crianças e como ajudar jovens empreendedores, e estão procurando maneiras de colaborar em projetos de bem-estar infantil e educação na América Latina, disseram as fontes.

Porta-vozes da Telefónica e do papa não quiseram comentar.

Se, como esperado, Pallete for nomeado como substituto de Alierta, será o primeiro presidente da Telefónica que não foi indicado pelo governo. Um tecnocrata que evitou a política durante sua ascensão dentro da empresa, Pallete foi escolhido, disseram as fontes, porque sua estratégia era mais clara e mais adequada para dirigir a empresa em um ambiente orientado à tecnologia.

No alto da lista de tarefas está reduzir a dívida. A oferta pública inicial planejada da unidade de infraestrutura Telxius da empresa e a aprovação da UE para a venda da unidade O2 de produtos wireless do Reino Unido iriam ajudar, mas há muito mais a fazer em uma empresa com 49,9 bilhões de euros (US$ 56,5 bilhões) em dívida líquida.

As ações da Telefónica caíram 1,4 por cento, para 9,93 euros às 13h05 em Madrid, depois de dois dias de ganhos após a decisão de Alierta de renunciar.

Foco digital

Desde que se tornou COO em 2012, Pallete, 52, liderou o esforço de venda de ativos, e também reduziu os preços para manter os clientes durante a crise econômica da Espanha. Realinhou as operações e investimentos digitais da empresa, e recentemente deu a entender que quer cobrar os clientes pela quantidade de dados que utilizam.

Pallete disse a algumas pessoas que vai levar de três a quatro meses para decidir sobre seu sucessor como COO, de acordo com uma das fontes. O diretor financeiro, Ángel Vila, o diretor na Espanha, Luis Gilperez e o Chief Commercial Digital Officer, Eduardo Navarro estão entre os candidatos, disseram as fontes, embora o cargo poderia ir para outra pessoa, ou ser deixado em aberto.

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