Temer terá 308 votos para aprovar a Previdência?

Por Simone Iglesias com a colaboração de Gabriel Shinohara.

 Depois da votação na Câmara que lhe rendeu 263 votos para arquivar denúncia de corrupção passiva, a incógnita agora para o presidente Michel Temer é se ele conseguirá garantir os 308 apoios necessários para aprovar a reforma da Previdência, considerada crucial para o equilibrio das contas públicas. Há consenso em Brasília que o governo ganhou uma janela de oportunidade entre agosto e o começo de setembro para votar o primeiro turno da reforma na Câmara.

Situação Atual

Segundo levantamento feito pela Bloomberg junto aos 26 partidos da Casa, Temer tem entre 280 a 285 dos 308 votos necessários.

O número de votos que o governo tem é praticamente o mesmo que resultou na permanência de Temer no poder: 284 contabilizando as ausências e abstenções. No entanto, o perfil do parlamentar que arquivou a denúncia em muitos casos difere daquele que votará a favor da Previdência.

Os tucanos, com 47 deputados, se dividiram quanto ao pedido de investigação, mas votarão majoritariamente a favor da reforma.

O PPS, que votou a favor da investigação, apoia as mudanças nas regras previdenciárias. Dos partidos da base, os que mais darão votos a favor da reforma por questão ideológica são PMDB, PSDB, DEM e PTB.

PP, PR, PSD e PSC, principais integrantes do centrão, estão divididos e darão apoio parcial. Já o aliado SD, com 14 deputados, votará contra a reforma.

Prós e contras para Temer

O governo gastou muita munição para garantir o arquivamento da denúncia, distribuindo cargos e emendas a aliados. Agora, tem menos fôlego para lidar com as pressões.

Apesar da redução da base de apoio em função da denúncia, Temer mantém cerca da metade dos votos de quatro partidos que eram aliados e se tornaram independentes.

Já na oposição, o presidente não tem a mínima margem para conseguir votos nas seis legendas que somam 97 parlamentares.

O governo tinha em maio passado, dias antes da denúncia contra Temer ser apresentada, cerca de 300 votos contabilizados a favor da reforma previdenciária. Agora, enfrenta dificuldades para voltar a este patamar. Auxiliares presidenciais só querem colocar o tema em votação com uma margem de segurança, de ao menos 330 deputados favoráveis. Com isso, faltariam hoje cerca de 50 votos ao governo.

Detentor dos votos que podem decidir o destino da reforma, o centrão já pressiona Temer a punir o PSDB tirando ministros tucanos e entregrando a PSD, PP e PR pastas comandadas pelo partido. Governo não está disposto a retaliar porque precisa desses votos para a reforma.

Conclusão

Em meio a uma negociação complexa com o Parlamento, há no momento muita dificuldade para o governo obter os votos necessários, mas missão não é impossível. Governo trabalha com o apelo de que sem as mudanças previdenciárias, o Brasil ficará inviabilizado a médio prazo e que os futuros presidentes, potencialmente de partidos aliados, terão de enfrentar o tema, e o ônus político que o acompanha, se a reforma não for feita agora.

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