Terapia revolucionária contra câncer tem efeito colateral caro

Por Michelle Fay Cortez.

Um tratamento revolucionário contra o câncer capaz de curar a leucemia em algumas crianças e jovens adultos gravemente doentes vem acompanhada de um efeito colateral caro e duradouro.

O tratamento contra o câncer de sangue, chamado CAR-T, fabricado pela Novartis, está prestes a ser aprovado depois que uma comissão de assessores da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) o apoiou na quarta-feira por 10 votos a zero. O tratamento é muito eficaz: em um teste clínico com pacientes que tinham ficado sem opções de tratamento, 83 por cento dos que fizeram o tratamento viram sua doença entrar em remissão.

Mas ele também causa danos colaterais. O tratamento da Novartis ordena ao sistema imunológico do corpo destruir as células onde o câncer do sangue começa. No entanto, essas células também produzem anticorpos que combatem outras doenças. Todos os pacientes cujo câncer foi eliminado no tratamento também contraíram uma doença chamada aplasia das células B, que precisa ser tratada com medicamentos que podem chegar a custar dezenas de milhares de dólares por ano.

“O tratamento está sendo administrado a pessoas que teriam morrido se não o recebessem, e teriam morrido em muito pouco tempo”, disse Edmund Waller, diretor da divisão de células-tronco e imunoterapia da Emory University. Os pacientes agora têm doenças crônicas do sistema imunológico, disse ele, “mas estão felizes por estarem vivos”.

Nem o tratamento do câncer nem o seguimento são baratos. A previsão é de que os tratamentos de CAR-T desenvolvidos na Novartis, com sede na Basileia, Suíça, e em várias outras empresas custarão US$ 500.000 ou mais, em parte porque são adaptados a cada paciente, manipulando geneticamente suas células T, que combatem infecções, para que destruam a leucemia linfoblástica aguda, uma forma de câncer de sangue.

Dose cara

Para sustentar o sistema imunológico incapacitado do paciente, é preciso que ele receba uma injeção de imunoglobulina a cada três ou quatro semanas, se as células alteradas permanecerem no corpo, afirmou a Novartis em um comunicado. Esses tratamentos podem custar até US$ 10.000 por dose e podem ser necessários durante a vida toda.

As empresas de seguros afirmaram que a decisão de cobrir o tratamento da Novartis e qualquer terapia de acompanhamento será baseada nos resultados clínicos do medicamento.

“Esta provavelmente é a coisa mais emocionante que eu vi na vida”, disse Tim Cripe, chefe de Hematologia e Oncologia do Nationwide Children’s Hospital, da Ohio State University. Cripe foi membro da comissão de assessores da FDA que na quarta-feira votou em apoio da aprovação do medicamento.

Os membros da comissão levantaram questões sobre a segurança do remédio a longo prazo e possíveis complicações, entre elas infecções e novos cânceres que poderiam surgir anos após o tratamento. A Novartis se comprometeu a monitorar os pacientes durante 15 anos para detectar qualquer problema de segurança.

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