Tesla abre vantagem sobre Google e Uber em corrida por autonomia

Por Dana Hull.

Olhando para trás, havia um claro elemento de risco na decisão da Tesla Motors de instalar o hardware Autopilot em todos os carros que deixaram a linha de produção desde outubro de 2014. A empresa pagou o preço, porque os órgãos reguladores federais investigaram o acidente fatal de um Model S que estava em modo de direção assistida e os críticos atacaram a Tesla por lançar a tecnologia cedo demais.

Mas também houve uma recompensa. A companhia coletou mais de 2 bilhões de quilômetros de dados de veículos equipados com o Autopilot operando sob condições rodoviárias e climáticas diversas ao redor do mundo. E na corrida frenética para lançar o primeiro veículo autônomo totalmente funcional, esse tipo de inteligência massiva do mundo real pode ser inestimável. Nesse sentido, por enquanto, a fabricante de carros elétricos tem uma vantagem sobre concorrentes como Google, General Motors e Uber Technologies.

“Não há dúvida de que a Tesla tem uma vantagem”, disse Nindhi Kalra, cientista de informação sênior da Rand Corporation. “Eles conseguem aprender de um leque mais amplo de experiências e a um ritmo muito mais rápido do que uma companhia que está realizando testes com motoristas treinados e mantendo seus funcionários atrás do volante.”

A grande promessa dos carros autônomos é que eles salvarão vidas e um relatório da Rand de abril, de coautoria de Kalra, alertou que os carros “teriam que ser conduzidos por centenas de milhões de quilômetros e às vezes por centenas de bilhões de quilômetros para demonstrarem sua segurança”. Os dados são tudo; quanto mais você tem, mais rapidamente os algoritmos aprenderão.

Os carros autônomos desenvolvidos pelo Google percorreram 3,2 milhões de quilômetros do mundo real — com funcionários a bordo — desde 2009, segundo a companhia. Na semana passada, sua empresa controladora, a Alphabet, separou o projeto de direção autônoma em uma empresa chamada Waymo.

O Uber, que vem usando veículos autônomos para carona compartilhada em Pittsburgh, EUA, recentemente empregou uma frota em São Francisco em parceria com a Volvo Cars. Cada SUV transporta dois funcionários, um deles pronto para assumir o volante e outro que fica à procura de passageiros. (A iniciativa do Uber foi feita sem a aprovação do Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia e procuradores estaduais ameaçaram entrar com ordem judicial para forçar a empresa a parar. Um executivo do Uber disse que a empresa está agindo “exatamente como a Tesla”).

Em um Tesla, quando o Autopilot está ligado, o veículo é capaz de fazer coisas como mudar de pista e estacionar sozinho. A Tesla salienta aos proprietários dos veículos que eles estão no comando — e precisam manter sempre as mãos no volante –, mas a companhia está efetivamente experimentando a evolução da tecnologia com pessoas que podem não compreender totalmente que devem manter o controle do veículo ou que podem ignorar as instruções da Tesla.

“Esteja à frente das demais ou não, a Tesla certamente possui uma montanha de dados”, disse Richard Wallace, diretor de análise de sistema de transporte do Centro para Pesquisa Automotiva em Ann Arbor, Michigan, EUA. “Eles vão poder analisá-los de todas as formas e continuar ajustando seus algoritmos.”

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