Títulos do BB vão de piores a melhores do mundo em meses

Por Filipe Pacheco e Aline Oyamada, com a colaboração de Francisco Marcelino. .

Os títulos de dívida com maior grau de risco emitidos pelo Banco do Brasil no exterior voltaram ao topo da lista de investidores estrangeiros, menos de quatro meses depois de estarem entre aqueles com o pior desempenho do mundo para a categoria.

Cerca de US$ 1,6 bilhão em notas que são elegíveis a capital emitidas pelo banco avançaram 9,3 por cento desde que Michel Temer se tornou presidente interino do Brasil, o maior ganho entre dívidas similares de mercados emergentes. Os papéis, que não têm vencimento definido e são vulneráveis a uma baixa caso determinados níveis de capital caiam muito, tiveram uma recuperação depois de atingido o patamar de valor de face mais baixo já registrado em fevereiro, quando a presidente Dilma Rousseff, atualmente afastada, pressionava bancos estatais a expandirem carteiras de crédito de maior risco e menos rentáveis em tentativas de reanimar a economia.

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Os investidores estão recuperando a confiança no BB dado que o governo Temer diz que não vai usar os bancos estatais para injetar crédito barato na maior economia da América Latina, abandonando uma política que Dilma fomentou durante seu mandato de cinco anos. Desde que tomou posse, Temer também substituiu a diretoria dos bancos, inclusive a do Banco do Brasil. Na semana passada, o banco, o maior do Brasil em ativos, propôs a recompra US$ 200 milhões dos chamados títulos CoCo com cupom de 9,25%.

Há uma “sensação no mercado de que agora o banco ficará mais protegido das influências políticas”, disse João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho Consultoria de Investimentos no Rio de Janeiro. “Ele terá uma administração mais técnica, focada na eficiência e na rentabilidade. Além disso, o banco está tentando aproveitar o baixo custo das notas com a recompra. A tendência do preço delas é subir, então é melhor comprar agora”.

A assessoria de imprensa do BC preferiu não comentar o desempenho de suas notas nem o programa de recompra.

O Banco do Brasil, com sede em Brasília, disse em 12 de maio que seus lucros caíram no primeiro trimestre e que suas provisões para empréstimos de liquidação duvidosa aumentaram para o nível mais elevado em pelo menos dois anos.

A alta das notas do BB também faz parte de uma disparada dos ativos financeiros em todo o Brasil porque os investidores apostam que o governo Temer conseguirá tirar o país de sua pior recessão em mais de um século.

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“Os papéis CoCo emitidos pelo Banco do Brasil se beneficiaram com a melhoria do sentimento do mercado e com as expectativas de que as políticas econômicas do novo governo vão impulsionar uma recuperação”, disse Brigitte Posch, diretora de dívida corporativa de mercados emergentes da Babson Capital Management, que tem cerca de US$ 200 bilhões em ativos sob gestão.

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