Títulos corporativos dos EUA são quase a única opção atual

Por Sid Verma.

A busca internacional por rendimento nos mercados dos EUA está aumentando porque os bancos centrais na Europa estão expulsando os investidores de seus mercados de crédito locais.

Taxas mais elevadas da política econômica nos EUA atraíram grandes fluxos do setor privado estrangeiro para os títulos de empresas americanas neste ano. E essa tendência deve se intensificar à medida que as avaliações nos mercados de crédito europeus se tornarem mais estritas, ao mesmo tempo em que o declínio dos retornos dos investimentos com cobertura cambial em títulos do Tesouro dos EUA empurra os gerentes de portfólios para o mercado de crédito corporativo americano, que oferece retornos mais altos, segundo analistas.

Veja o caso do Reino Unido.

Depois que o Banco da Inglaterra decidiu seguir o exemplo do Banco Central Europeu e comprar títulos corporativos para tentar manter a economia do Reino Unido à tona, os retornos no mercado de títulos corporativos denominados em libra e com grau de investimento nunca ficaram tão magros.

Após ter chegado ao piso mais baixo de todos os tempos, de 2,120 por cento, no dia 10 de agosto, o rendimento do Bank of America Merrill Lynch Sterling Corporate Index é negociado a 2,190 por cento, contra 3,70 por cento em meados de fevereiro.

Enquanto isso, o gilt com vencimento em 10 anos está rendendo um irrisório 0,566 por cento, depois de ter chegado a apenas 0,518 por cento no início do mês. Como resultado, o cenário de investimentos para os títulos do Reino Unido, tanto os soberanos quanto os corporativos com nota alta, chegou ao ponto de ruptura.

Ben Lord, gerente de portfólio da M&G Limited, explicou essa matemática em uma publicação de blog — intitulada “The BoE and ECB render the US bond market the only game in town” — na terça-feira.

Em resumo, o apelo relativo para comprar títulos soberanos ou corporativos do Reino Unido em comparação com ter simplesmente dinheiro vivo — conhecido como ponto de equilíbrio do rendimento — é o menor de todos os tempos, disse ele, o que aumenta o atrativo dos títulos corporativos dos EUA em termos de rendimento.

Embora ainda existam motivos racionais para que alguns investidores optem por títulos soberanos mesmo que os retornos sejam negativos, os pontos de equilíbrio historicamente baixos do rendimento dos títulos corporativos no Reino Unido vão redobrar os esforços dos investidores locais para aumentar sua exposição aos títulos corporativos dos EUA, disse ele.

Nathaniel Rosenbaum, estrategista de crédito do Wells Fargo, observa que os investidores estrangeiros aumentaram seus ativos em dívida corporativa dos EUA em cerca de 5 pontos percentuais durante os últimos 12 meses, para 40 por cento, com a Europa representando 80 por cento da base de investidores estrangeiros. Os títulos corporativos dos EUA oferecem uma opção de rendimento significativa em uma Europa ávida por retornos, por isso os fluxos estrangeiros para os EUA vão continuar em um ritmo frenético, disse ele.

Os responsáveis pela política econômica dos EUA, os investidores e a estrutura do mercado terão que se adaptar a um novo mundo onde os investidores estrangeiros exercem uma forte influência sobre o maior mercado de crédito do mundo, conclui o estrategista.

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