Trader anônimo de moeda criptografada ganha milhões em um mês

Por Tom Metcalf com a colaboração de Lisa Abramowicz, Pimm Fox, Harry Suhartono, Aansh Mehta e Matthew Leising.

Um trader desconhecido de moedas criptografadas transformou US$ 55 milhões em papéis em US$ 283 milhões em pouco mais de um mês.

A única pista sobre essa, ou essas pessoas, além de uma carteira virtual com o código de identificação 0x00A651D43B6e209F5Ada45A35F92EFC0De3A5184, apareceu em uma publicação do Instagram em 11 de junho, em língua indonésia, na qual ele ou ela (ou eles, ou alguém se passando por eles) se gabou do lucro de 413 por cento acumulado neste ano com o ether, a moeda digital do blockchain Ethereum.

“Recebo muitas mensagens particulares perguntando quanto ether eu tenho”, dizia a publicação que continha fotos do hardware que supostamente executa uma operação de mineração, mas que pareciam tiradas de outro site. “Uma das coisas legais do Ethereum é que todas as carteiras do mundo são transparentes e abertas para todos verem. E essas são as economias da minha.”

Identidades ocultas são um recurso popular do misterioso mundo do dinheiro virtual. Como em 6 de junho o valor total em moedas criptografadas, como bitcoin e ether, superou US$ 100 bilhões e se aproximou do valor de mercado do McDonald’s, órgãos reguladores preocupados afirmam que poderia estar na hora de vincular as identidades nas carteiras a seres humanos reais.

Pseudônimo

O sigilo persiste da época em que, no começo desta década, Ross Ulbricht usava o pseudônimo Dread Pirate Roberts e o bitcoin para lavar dinheiro e traficar narcóticos, atividades pelas quais ele cumpre pena de prisão perpétua no Metropolitan Correctional Center em Nova York.

Isso não significa que 0x00A651D43B6e209F5Ada45A35F92EFC0De3A5184 ou qualquer outra entidade estejam fazendo algo ilegal. Mas a opacidade poderia piorar movimentos abruptos dos preços. O valor do ether, por exemplo, subiu de cerca de US$ 8 por unidade no começo do ano para um pico de US$ 400 em junho e depois se assentou em cerca de US$ 250 atualmente. A falta de transparência também poderia estar paralisando a popularização do dinheiro on-line, segundo um anteprojeto de lei publicado pelo Parlamento Europeu em março.

A utilização de pseudônimos sempre foi parte importante do apelo desse mercado. Eliminar formas tradicionais de fazer negócios foi o guia do inventor do Ethereum, Vitalik Buterin, de 23 anos. Ele publicou seu software em 2015, pouco depois de largar a Universidade de Waterloo, no Canadá.

Criptobilionários

Entre os prováveis criptobilionários estão o gerente de hedge funds Michael Novogratz; Joseph Lubin, fundador da ConsenSys, um estúdio de produção de blockchain que trabalha com Ethereum; e Buterin, o criador do Ethereum.

As moedas criptografadas poderiam se tornar um setor de US$ 5 trilhões, mas elas precisam desenvolver princípios comerciais sólidos para satisfazer os reguladores e ganhar legitimidade, disse Novogratz em 27 de junho em uma conferência sobre fintech em Nova York.

Assim como o bitcoin, o ether está tendo dificuldades para superar sua reputação manchada por ataques cibernéticos e obstáculos tecnológicos. Um “flash crash” no mês passado fez com que o preço da moeda criptografada caísse para apenas US$ 0,10 antes de voltar a subir para cerca de US$ 300.

“Muitas lições serão aprendidas”, disse Peter Denious, diretor de capital de risco global da Aberdeen Asset Management em Stamford, Connecticut. “Muito dinheiro será perdido antes de ser possível ganhar muito dinheiro.”

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