Traders de bonds veem projeções do Fed ainda muito ambiciosas

Por Liz Capo McCormick.

Os traders de dívidas preveem um número menor de aumentos das taxas de juros no ano que vem do que o Fed depois que o banco central americano elevou sua meta, que estava perto de zero, e prometeu um recuo gradual dos custos dos empréstimos da época da crise.

O Fed aumentou sua taxa na quarta-feira pela primeira vez desde 2006, em 0,25 ponto porcentual, e declarou sua confiança na aceleração da inflação. Contudo, o mercado de derivativos está precificando aproximadamente dois aumentos do Fed em 2016, contra os quatro movimentos que as autoridades do banco central estabeleceram em suas projeções trimestrais mais recentes.

Assim como tem sido o ano todo, os traders estão expressando dúvidas em relação à mensagem da presidente do Fed, Janet Yellen, de que as forças que estão freando a inflação serão fugazes. Os títulos do Tesouro dos EUA de vencimento mais longo tiveram o melhor desempenho após o aumento dos juros. Os títulos prolongaram os meses de desempenho superior impulsionados pela queda dos preços da energia que reduziu a inflação.

“O Fed tem consistentemente superestimado o crescimento econômico, assim como as expectativas em torno dos aumentos da taxa”, disse Brendan Murphy, que administra US$ 16,5 bilhões como diretor de renda fixa global da Standish Mellon Asset Management em Boston. Embora o Fed diga que as forças que estão segurando a inflação são transitórias, “o mercado realmente acredita que os fatores são um pouco mais estruturais”.

Os traders de derivativos de taxa de juros veem a taxa em 0,835 por cento no final do ano que vem, contrastando com a perspectiva média do banco central, de 1,375 por cento. Os economistas de Wall Street se alinham mais ao Fed — a projeção média, em uma pesquisa da Bloomberg, está na faixa de 1 por cento a 1,25 por cento em um ano.

Perspectivas econômicas

O Fed manteve estável sua projeção média para a taxa em 2016, embora tenha reduzido a projeção para os anos seguintes. Para o final de 2017, a média caiu de 2,625 por cento para 2,375 por cento e a estimativa para 2018 caiu de 3,375 por cento para 3,25 por cento.

Embora o Fed tenha visto o movimento para tirar as taxas do nível de emergência como garantido, notou riscos para sua perspectiva econômica e disse que as decisões dependem do progresso do crescimento econômico e da inflação. Apesar de a geração de emprego ter superado as projeções de consenso nos últimos dois meses, um relatório divulgado na quarta-feira mostrou que um indicador da atividade das fábricas estagnou no mês passado.

“O comitê espera que as condições econômicas evoluam de uma forma que garanta apenas incrementos graduais à taxa”, disse o Fed, em seu comunicado. “O caminho real da taxa vai depender da perspectiva econômica informada pelos dados que entrarem”.

Inflação de 1,5 %

O mercado de bonds está precificando uma taxa de inflação anual de cerca de 1,5 por cento até 2025. Enquanto isso, o indicador de inflação que o Fed tem como meta subiu 0,2 por cento em outubro, abaixo de sua meta de 2 por cento.

Yellen disse na quarta-feira que o comitê que estabelece as políticas tem “uma confiança razoável” que a inflação vai acelerar, em parte quando os efeitos do petróleo barato diminuírem. Nesta semana, o petróleo atingiu o nível mais baixo desde 2009.

“O Fed está um pouco otimista demais em relação a alcançar sua meta de inflação”, disse Tim Horan, diretor de investimentos em renda fixa em Nova York da Chilton Trust, que administra US$ 4,5 bilhões. “Veremos uma contenção nos yields do Tesouro nos prazos mais longos da curva porque não temos um problema de inflação”.

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