Traders de swaps se antecipam a rebaixamento e Brasil já é negociado como junk

Por Paula Sambo e Julia Leite.

No que diz respeito aos traders de swaps, o Brasil já é um país classificado com grau especulativo.

O país sul-americano — atolado em recessão e escândalos — atualmente oferece mais risco do que nove países com notas especulativas da Standard Poor’s, como Turquia, Vietnã e Chipre, segundo as negociações de swaps de crédito.

Os investidores em bonds estão relegando o Brasil ao grau especulativo em um momento em que a maior contração em 25 anos e o apoio crescente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff aumentaM as chances de que SEU RATING seja rebaixadO. Na semana passada, a S&P se juntou à Moody’s Investors Service ao revisar sua perspectiva para o rating do Brasil para negativa.

“A avaliação da solvência do Brasil piorou significativamente”, disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, por telefone de São Paulo. “O cenário continua se tornando cada vez mais sombrio, tanto do ponto de vista político quanto econômico”.

O custo de proteger os bonds do Brasil contra o não pagamento usando swaps de crédito de cinco anos subiu para 3,27 pontos porcentuais na sexta-feira, nível mais alto desde março de 2009.

O último esforço de Dilma para reforçar as finanças do Brasil foi rejeitado quando a Câmara dos Deputados decidiu aprovar aumentos de salários nesta quinta-feira. A decisão saiu depois que dois partidos se retiraram de sua base aliada.

Processo de impeachment

Um número crescente de parlamentares do maior partido do Brasil agora vê o impeachment como uma opção para tirar o Brasil de sua profunda crise econômica e política. Um terço do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) na Câmara está trabalhando na medida dentro de um marco constitucional, disse o vice-líder do partido Darcísio Perondi.

Dilma também está perdendo apoio entre os brasileiros. Em uma pesquisa realizada nos dias 4 e 5 de agosto pelo Datafolha, 66 por cento dos participantes disseram que o Congresso deveria iniciar um processo de impeachment. O índice de aprovação de Dilma caiu para a mínima recorde de 8 por cento na pesquisa e 71 por cento dos entrevistados disseram que sua presidência é ruim ou terrível.

A assessoria de imprensa presidencial preferiu não comentar a possibilidade de impeachment.

“Existe obviamente uma falta de confiança, como se vê no índice de aprovação de Dilma e na incapacidade de levar adiante as medidas de consolidação fiscal e as reformas estruturais”, disse George Hoguet, estrategista da State Street Global Advisors em Boston, que tem US$ 2,4 trilhões sob gestão.

Perspectiva para nota

A Moody’s, que se reuniu com autoridades brasileiras no mês passado, citou os problemas econômicos do país e a piora das finanças quando colocou o rating Baa2 sob perspectiva negativa, em setembro. A agência de classificação previu, em um relatório de 16 de julho, que a economia encolherá 1,8 por cento neste ano.

Os problemas só pioraram desde então, com a investigação de corrupção sobre a produtora de petróleo estatal envolvendo cada vez mais empresas do país. Na segunda-feira, a polícia brasileira prendeu José Dirceu, que foi ministro-chefe da Casa Civil durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob a alegação de que ele ajudou a colocar em prática um suposto sistema de propinas na empresa petrolífera.

Um possível rebaixamento pela S&P empurraria o Brasil de volta ao grau especulativo, pois a empresa classifica o país como BBB-, um nível abaixo da Moody’s.

“A situação do Brasil é facilmente notada em termos de grau de risco percebido e sua solvência deverá piorar mais nos próximos meses por causa do excesso de vulnerabilidades internas e externas”, disse o diretor-geral da firma de assessoria Spiro Sovereign Strategy, Nicholas Spiro, por e-mail, de Londres.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.