Traders seguem baixistas em relação às taxas no Brasil

Por George Lei.

Os traders reduziram suas perspectivas a respeito das taxas brasileira com o aumento da chance da presidente Dilma Rousseff ter seu mandato cassado. O mercado implica que os formuladores de políticas brasileiras vão cortar a taxa de juros de referência em pelo menos 0,75 por cento este ano, apesar de o Banco Central dizer que não há espaço para aliviar a política monetária.

Os traders têm bons motivos para terem esse ponto de vista, apoiados pela política e tendências da inflação. Mas eles podem estar subestimando o risco de deterioração fundamental e o esforço necessário para corrigir as finanças públicas do Brasil.

Bulls do Brasil estão apostando que a queda de Rousseff – que tem uma chance de 75% de ocorrer, de acordo com a Eurásia – será seguida por medidas concretas para reduzir o déficit orçamentário, que por sua vez iria ajudar a aliviar a inflação. O caso dovish das taxas é resultado da queda das expectativas de inflação, que foram impulsionados por um ganho cambial de 10% no primeiro trimestre.
 

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Os economistas reduziram sua previsão para a taxa de juros pela primeira vez em quatro meses, de acordo com uma pesquisa publicada pelo Banco Central, em 4 de abril. Eles esperam que a Selic cai para 13,75% em dezembro, de 14,25% atualmente. A revisão em baixa decorreu de uma declaração do Banco Central do Brasil em 31 de março, com uma inflação acima da meta sem a possibilidade de flexibilização monetária.

Há muitas razões para ser cauteloso com as altas da dívida do Brasil em relação ao PIB e a recessão que enfraquece a cobrança de impostos, tornando mais difícil fechar o déficit orçamentário. Se houver uma mudança de presidente, quem assumir terá que executar um plano de consolidação fiscal forte e credível ao longo dos próximos anos para justificar as previsões de taxas de juros atuais.

A fragmentação do congresso poderia impedir que um novo governo aprovasse cortes de gastos e/ou aumento de impostos necessários para fortalecer as finanças do Brasil. E enquanto a inflação desacelera mais que o previsto em 12 meses até meados de março, é mais que o dobro dos 4,5% que era alvo do governo.
 

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