Transição da IBOR na América do Norte: "fim de jogo" ou não?

Este ano, os países da América do Norte atingirão mais um marco na transição dos mercados financeiros das taxas sem garantia para as taxas livres de risco (RFRs). Os Estados Unidos abandonaram a LIBOR em 30 de junho de 2023, enquanto o Canadá está finalizando o segundo estágio da transição de Canadian Dollar Offered Rate (CDOR) para Canadian Overnight Repo Rate Average (CORRA). Além disso, o México se aproxima de um marco importante na transição da Tasa de Interés Interbancaria de Equilibrio para a nova TIIE de Fondeo.

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Para explicar as implicações dos marcos de transição deste ano, é importante primeiro entender as principais deficiências que causaram o fim da IBOR.

Após a crise financeira global e o escândalo de manipulação da LIBOR, as taxas interbancárias baseadas em crédito entraram em foco. As RFRs foram vistas como a resposta aos pedidos do setor por um benchmark de taxas de juros mais robusto, como alternativa à LIBOR. Como resultado, a década seguinte teve o foco em reformas destinadas a fortalecer a robustez dos benchmarks da IBOR e a criação de uma nova taxa livre de risco, seguindo as orientações do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), do Comitê de Taxas de Referência Alternativas (ARRC), dos princípios da Organização Internacional de Valores Mobiliários (IOSCO), entre muitos outros.

Embora a LIBOR, CDOR e TIIE sejam todas taxas a termo não garantidas que incorporam o risco de crédito e prazo de um banco (por exemplo: 1, 3, 6 meses), há distinções importantes no que elas medem e refletem. LIBOR e TIIE são taxas de empréstimo bancário, isto é, a taxa na qual os bancos acreditam poder tomar emprestado de outras instituições financeiras. Por outro lado, a CDOR é uma taxa de empréstimo comprometida que reflete a taxa na qual os bancos estão contratualmente dispostos a fornecer crédito por meio de uma linha de empréstimo primária de Bankers Acceptance. Uma questão chave compartilhada é que todas eram e são taxas baseadas em pesquisas, com base em julagamentos e não em transações específicas.

Embora as taxas interbancárias tenham servido bem os mercados globais por décadas, as limitações deram origem à criação da SOFR e da TIIE de Fondeo, bem como ao fortalecimento do benchmark CORRA para estar em conformidade aos princípios da IOSCO. Essas novas RFRs tentam abordar as deficiências da IBOR por meio de várias características. Primeiro, elas eliminam o risco de crédito bancário e servem como uma taxa quase livre de risco, pois são garantidas por títulos públicos de seus respectivos governos. Estes incluem títulos do Tesouro dos EUA para a SOFR, letras e títulos do Governo do Canadá para a CORRA, CETES e os títulos mexicanos para a TIIE de Fondeo. Além disso, elas mitigam qualquer risco de declaração falsa pelo painel de especialistas, porque são calculadas e determinadas com base nos dados das transações do mercado dos acordos de recompra (repo). Em suma, como são taxas overnight, SOFR, CORRA e TIIE de Fondeo não embutem prêmio de risco de prazo. Em suma, as novas taxas de referência refletem o custo do caixa overnight garantido por títulos de dívida líquidos emitidos por seus respectivos governos.

No entanto, essas novas taxas vêm com seu próprio conjunto de desafios. Por exemplo, como as RFRs diárias são naturalmente retrógradas, seu pagamento final é determinado no final do período de capitalização. Isso cria um desafio para as empresas que exigem certeza sobre seu próximo recebimento ou pagamento de juros de caixa. Isso levou ao desenvolvimento de diferentes Term RFRs prospectivas, como CME Term SOFR de 1, 3, 6 e 12 meses e Term CORRA de 1 e 3 meses. Até o momento em que escrevemos este artigo, há algumas restrições sobre produtos de empréstimos e na execução de derivativos referenciados em Term RFRs. Atualmente, clientes finais, como corporações, podem obter empréstimos e negociar derivativos para hedge de produtos de caixa referenciados nessas taxas prospectivas, no entanto, os provedores de liquidez estão restritos a fazer o hedge desse risco diretamente no mercado interbancário.

Em que momento na transição da IBOR na América do Norte estamos agora?

Em junho de 2023, o mercado canadense atingiu um marco importante com a conclusão da primeira etapa do plano de transição da CDOR para a CORRA. Um ponto-chave abordado durante a primeira etapa foi a transição da liquidez da CDOR para a CORRA overnight para novos derivativos. Após esta etapa, os novos derivativos vinculados à CDOR não podem ser negociados, a menos que seja possível provar que esse novo swap CDOR reduz o risco de uma CDOR existente.

Em 2024, o Canadá está no caminho para concluir a segunda etapa do seu plano de transição, com o fim da publicação da CDOR até o final de junho. Usuários finais e participantes do mercado financeiro devem ver o progresso no desenvolvimento dos benchmarks prospectivos de 1 e 3 meses da Term CORRA com base no mercado de futuros, bem como a ativação de cláusulas de fallbacks da CDOR para qualquer exposição remanescente com base na CDOR. Em outras palavras, como não haverá uma publicação sintética da CDOR, os empréstimos existentes atrelados à CDOR precisam ser alterados para fazer referência ou à Term CORRA + ajuste do spread de crédito, ou à CORRA overnight padrão capitalizada diariamente + ajuste do spread de crédito.

No México, a transição da TIIE tem sido instável, já que as principais datas de cessação provavelmente serão prorrogadas. Apesar da última extensão para janeiro de 2025 para o fim da TIIE de 28 dias, é provável que ocorra algum progresso na conversão de fallback dos swaps da TIIE legados para o equivalente sintético de 28 dias dia TIIE (TIIE de Fondeo capitalizada diariamente em termo +24 pb). Este ano também deve marcar o início da transição de liquidez no mercado de derivativos para o novo benchmark TIIE de Fondeo. Além disso, em 2024 veremos o fim dos benchmarks menos líquidos da TIIE de 91 e 182 dias, já que nenhum novo acordo poderá ser referenciado a essas taxas.

A transição da IBOR também vem com mudanças em relação à administração, publicação e acessibilidade aos dados dos novos benchmarks RFR. Embora os participantes do mercado possam acessar as RFRs por meio dos recursos online de cada Banco Central participante, eles também precisam de fornecedores confiáveis para apoiar uma transição suave da IBOR. Desde que o fim da LIBOR foi anunciado em 2017, a Bloomberg trabalhou com os clientes e com o setor para desenvolver um conjunto completo de soluções, que abrangem dados, análises, preços, curvas e relatórios, juntamente com o conhecimento necessário para ajudar os clientes a atravessar essa transição.

O Sistema de Risco Multiativos (MARS) da Bloomberg oferece suporte a precificação e análises com base em uma série de taxas de referência alternativas (ARRs), incluindo taxas livres de risco (RFRs) endossadas oficialmente pelo setor e incluindo análises de cenários para determinar o impacto da transição para RFRs nos portfólios. No Terminal, a Bloomberg oferece serviços de trading de títulos e derivativos referenciados nas RFRs. A Bloomberg também publica os ajustes de prazo e spread para as fallbacks que a ISDA implementou para certas IBORs. Para mais informações, acesse Bloomberg.com/Libor.

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