Por Helene Fouquet, Mark Deen e Fabio Benedetti-Valentini.
Emmanuel Macron começou o pé esquerdo a tentativa de unir a França em torno de sua campanha pela presidência do país. Alguns críticos o acusaram de complacência e falta de astúcia após seu sucesso no primeiro turno.
Após passar para o segundo turno de 7 de maio, junto com a nacionalista Marine Le Pen, o político novato deu um discurso de 15 minutos que, segundo alguns observadores, teria sido mais adequado para uma vitória eleitoral plena. Depois, o homem de 39 anos levou seu pessoal para jantar em uma brasserie na margem esquerda do Sena.
“Macron já cometeu dois erros graves”, disse Thomas Guénolé, professor de Ciência Política do instituto Sciences Po em Paris. “O discurso dele cantou vitória e depois ele não conseguiu achar nada melhor para fazer do que comemorar com suas tropas. Ele precisava se mostrar como um estadista e, ao invés disso, deu a impressão de ser um rei criança.”
Na França, um presidente pode dar o tom de seu mandato mesmo antes que ele comece. A comemoração da vitória de Nicolas Sarkozy em um restaurante de luxo em 2007 consolidou sua fama de ostentador e as tentativas de François Hollande de conduzir uma ressurreição nacional nunca se recuperaram completamente depois que ele ficou encharcado no pé-d’água que caiu no dia da posse em 2012.
Risco
As pesquisas sugerem que Macron vencerá por cerca de 20 pontos percentuais, mas existe o risco de que os eleitores fiquem desanimados com uma imagem de complacência. Ficará mais difícil para ele reunir um eleitorado traumatizado pela sensação de ter sido esquecido pela elite política e, em última instância, obter a aprovação de sua agenda no Parlamento.
Justificada ou não, a cena no restaurante La Rotonde, no centro de Paris, tem repercussões particularmente ruins. A imprensa francesa já fez uma comparação com a festa de Sarkozy em Fouquet’s, um restaurante parisiense mais caro – o jornal Le Figaro publicou uma reportagem com a manchete: “La Rotonde, a nova Fouquet’s?”.
Sem crise
Contudo, quando os jornalistas abordaram Macron enquanto ele saía de La Rotonde na madrugada de segunda-feira, ele não compreendeu o rebuliço.
“Meu amigo, você não entendeu nada”, disse ele. “Para mim foi um prazer convidar os secretários, os agentes de segurança, os políticos e os escritores que estão comigo desde o primeiro dia.”
Para ganhar uma ampla maioria, será essencial fechar a brecha com os eleitores menos abastados. Dados mostram que Le Pen se saiu muito melhor entre os eleitores que ganham menos de 2.000 euros por mês, e Jean-Luc Mélenchon, o candidato apoiado pelos comunistas que obteve 19,6 por cento dos votos, se recusou a apoiar Macron até o momento.
“Mais do que ganhar, é preciso convencer e unir o país”, disse Marie-Anne Montchamp, ex-vice-ministra no governo de Sarkozy, conforme citada pelo jornal Le Parisien. “Algumas vitórias criam as fraturas do futuro.”
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.