Trumpismo global prejudica iniciativas contra poluição climática

Por Jessica Shankleman.

O populismo está tirando o impulso do ambientalismo nos EUA e na Europa, ameaçando o esforço mundial para controlar as mudanças climáticas.

A eleição de Donald Trump nos EUA, o Partido da Independência no Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês) e a ascensão de Marine Le Pen na França representam uma mudança em relação aos líderes políticos que transformaram o meio ambiente em prioridade. Todos os três negam que esteja ocorrendo uma mudança climática e resistem a projetos internacionais como as negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aquecimento global.

Os enviados de mais de 190 países reunidos pela ONU avançaram neste fim de semana em seu trabalho para conter as emissões dos combustíveis fósseis e manter o controle sobre os aumentos de temperatura. As duas semanas de discussões em Marraquexe, no Marrocos, foram ofuscadas pela eleição de Trump, para quem as mudanças climáticas são uma falácia. Muitos representantes deixaram a cidade preocupados com as forças que atuam contra eles.

“Se a mudança climática for rotulada como um projeto global elitista, que é o que o Ukip e Le Pen querem fazer, então o acordo está morto”, disse Nick Mabey, ex-assessor do governo britânico para o clima, que agora lidera a consultoria ambiental E3G.

Trump assume a presidência dos EUA em janeiro e tem dito que abandonará o acordo de Paris negociado por meio da ONU. Trata-se de um forte contraste em relação ao presidente Barack Obama, de saída, que passou seis anos debruçado sobre o assunto, esforço que resultou em um acordo histórico com a China em 2015 para que os dois países trabalhem juntos para reduzir as emissões, levando dezenas de economias em desenvolvimento a seguir o exemplo. A postura de Trump encontra eco nos movimentos de direita da Europa:

– O Frente Nacional, de Le Pen, duvida que o aquecimento global esteja ligado à ação humana e tem promovido o “movimento Nova Ecologia” para enfatizar os programas nacionais sobre o meio ambiente em detrimento das regras globais, como as que surgem das negociações da ONU.

– O líder do Partido da Independência britânico, Nigel Farage, classificou a luta contra a mudança climática como “um dos maiores e mais estúpidos equívocos coletivos da história”, dizendo que não há provas científicas e que as tecnologias usadas para atacar o problema, como as energias renováveis, estão prejudicando a economia. O esforço do Ukip para sair da União Europeia foi endossado pelos eleitores britânicos em 23 de junho, o que aumentou a influência de Farage na definição de políticas governamentais.

Os representantes reunidos em Marrakesh avançaram na redação de um manual sobre como implementar o acordo de Paris, de 13 páginas. Eles também estabeleceram um plano de trabalho para analisar o progresso em relação às emissões. Uma disputa de último momento envolvendo a Índia e a Bolívia manteve os negociadores trabalhando até a manhã de sábado, horas depois do prazo de término, o que ressalta as tensões restantes entre países ricos e pobres em relação à velocidade da atuação.

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