Por Filipe Pacheco e Patricia Lara, com a colaboração de Rafael Mendes e Ney Hayashi.
A crescente especulação nos mercados de que a presidente Dilma Rousseff deixará o cargo após um impeachment está baixando os custos de financiamento para o Tesouro do país.
Em um leilão local na quinta-feira passada, o Brasil vendeu R$ 1,5 bilhão (US$ 415 milhões) em notas para janeiro de 2020 com yield de 14,1 por cento, nível mais baixo desde agosto. Uma semana antes, o governo emitiu R$ 3,85 bilhões em notas com vencimento em 2023 e 2027, na maior venda de títulos do tipo desde maio. Os yields de bonds similares para 2025 caíram 2,8 pontos percentuais desde setembro.
A queda dos custos para os cofres públicos não poderia vir em um melhor momento para o Brasil, que busca se recuperar diante de um crescente déficit orçamentário em meio à recessão mais profunda em mais de um século. Os investidores têm adquirido dívidas do país em um momento em que o impulso para derrubar Dilma ganha força. Um acontecimento como esse abriria caminho para que um novo governo reanimasse a economia.
A decisão de Dilma de indicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro na semana passada deu novo fôlego aos pedidos de impeachment. A nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil foi vista como uma tentativa de proteger o antecessor das acusações feitas no âmbito da Operação Lava Jato.
“As apostas crescentes em uma mudança política criam espaço para que o governo ofereça um prêmio menor durante os leilões do Tesouro”, disse Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners em São Paulo. A nomeação de Lula “parece ter acelerado o processo de impeachment, algo que o governo e os mercados não estavam esperando”.
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