Por Fabiola Moura.
A Rimini Street está encontrando alegria na dor e no sofrimento das empresas que fazem negócios no Brasil.
Enquanto o país luta para retomar o crescimento após a maior recessão de sua história, a Rimini Street, com sede em Las Vegas, acumulou 70 clientes em sete anos. A empresa ajuda companhias a gerenciar softwares corporativos de empresas como a Oracle e a SAP SE a um custo menor, uma perspectiva atraente para fundos de private equity e firmas problemáticas interessadas em reduzir despesas e investir em tecnologia.
“Prosperamos em ambientes onde há muita mudança”, disse o co-fundador e CEO Seth Ravin, 52 anos, em uma entrevista no escritório da empresa em São Paulo, onde esteve para se encontrar com clientes. Ravin vê sua empresa como o equivalente da Uber Technologies para a indústria de táxi ou Airbnb para o setor de hospedagem. “Estamos mudando todo o modelo de software corporativo baseado nessas taxas de manutenção muito lucrativas.”
A Rimini Street está se expandindo além dos EUA, na busca por novos mercados para seus serviços. No Brasil, a empresa atraiu clientes que vão da Odebrecht, a gigante da construção envolvida em um enorme escândalo de corrupção, até a Quero-Quero Casa e Construção, uma rede de lojas de material de construção administrada pela firma de private equity Advent International. Sua abordagem de redução de custos também levou a batalhas legais com a Oracle nos tribunais dos EUA.
“Na maioria das empresas, mais de 80% de seus gastos em tecnologia da informação vão para contratos de manutenção, para manter as luzes acesas”, disse Ravin. “Estamos tirando o dinheiro dos bolsos da Oracle e da SAP e colocando-o de volta no bolso de nossos clientes.”
Os investidores permanecem céticos. As ações caíram 21% este ano, fechando em 6,26 dólares em Nova York na sexta-feira. A Rimini Street diz que cerca de 35% de sua receita veio de fora dos EUA no primeiro semestre deste ano, mas não revela quanto gerou no Brasil.
Os clientes da Rimini Street também podem enfrentar resistência ao trocar de provedor. Quando a diretora financeira do Grupo Fallgatter, Cristiane Holl, decidiu contratar a Rimini em 2017 para dar suporte ao software SAP da empresa, ela viu toda a sua equipe de tecnologia da informação sair pela porta.
“Qualquer coisa pode acontecer quando você diz ao seu diretor de tecnologia da informação que ele terá menos orçamento, uma equipe menor e menos mimo”, disse Holl em entrevista por telefone de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, onde a fabricante de peças e equipamentos de aço, importadora e distribuidora tem sua sede.
O orçamento de tecnologia da informação do Fallgatter caiu 60%, disse Holl, que tem um MBA da Wharton e trabalhou no Vale do Silício por sete anos antes de retornar para ajudar a administrar negócios familiares no Brasil.
“Minha decisão foi puramente baseada em necessidades financeiras, mas a mudança foi muito mais profunda”, disse ela. “Agora, minha equipe de TI é muito mais estratégia que gestão.”
Ainda pode levar um tempo para a Rimini Street colher os frutos de sua expansão no Brasil devido à acentuada desvalorização da moeda local. O real é o pior desempenho entre as principais moedas neste ano, com a aproximação de uma eleição presidencial muito incerta, segundo dados da Bloomberg.
Mas a América Latina continua sendo uma fonte importante de crescimento, disse Ravin.
“Como uma porcentagem de nossa receita mundial, a América Latina ainda é relativamente pequena, mas tem uma oportunidade muito grande”, disse ele. “É por isso que estamos expandindo na região.”
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