Turismo aumenta em Cuba após EUA fazerem as pazes com a ilha comunista

Por Ezra Fieser e Rafael Gayol.

Havana está em alta. Com os presidentes Barack Obama e Raúl Castro ganhando as manchetes mundo afora, por retomarem as relações diplomáticas entre os dois países depois de cinco décadas, 2015 está a caminho de ser um ano recorde para a indústria turística cubana.

Cerca de 1,7 milhão de pessoas visitaram a ilha comunista nos primeiros cinco meses do ano, um aumento de 15 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, que terminou com 3 milhões de visitantes.

Além disso, cada um dos primeiros cinco meses tem visto um aumento de dois dígitos no crescimento de visitantes em relação ao ano passado, incluindo um salto de 21 por cento em maio.

Alemães, venezuelanos e peruanos estão empurrando os números para cima, mas o Canadá foi quem forneceu o maior número de visitantes, com 779.576 até agora neste ano, um aumento de 14 por cento sobre 2014. Mas eles são realmente os canadenses?
 

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Um turista que chega à ilha caribenha via Canadá não é necessariamente um canadense. Em vez disso, muitos daqueles que correm para reservar férias em Cuba são, cada vez mais, os americanos tentando chegar na frente da avalanche de compatriotas antes que as relações entre os dois países se normalizem.

“Vimos um aumento significativo nas reservas de clientes dos EUA quando o presidente Obama anunciou a flexibilização das restrições, porque as pessoas querem ir ver Cuba antes que tudo mude”, disse Júri Krytiuk, agente de reservas sênior da A. Nash Travel, agência especializada em viagens a Cuba, baseada em Ontário. “Há clientes canadenses reservando férias na praia, mas esses números não mudaram. O aumento real é de norte-americanos que desejam viajar para Havana.”

O governo cubano não divulga o número de cidadãos norte-americanos que estão visitando a ilha. Os americanos podem entrar em Cuba ou em viagens sancionadas oficialmente, como aquelas organizadas por grupos educacionais ou por países com voos de conexão, incluindo Canadá, México ou Panamá. Viagens de turismo continuam oficialmente fora dos limites em razão do embargo econômico.

Cerca de 51.000 cidadãos norte-americanos visitaram a ilha nos primeiros cinco meses deste ano, ante 37.000 no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados publicados pela Associated Press. A AP citou José Luis Perello Cabrera, um economista do Departamento de Estudos de Turismo da Universidade de Havana, com acesso a dados oficiais, como fonte para os números.

Embora Cuba já seja a segunda ilha mais visitada do Caribe, atrás da República Dominicana, os turistas norte-americanos devem começar a chegar em massa com a diminuição das restrições comerciais que foram estabelecidas em 1960. A Carnival Corp. já conseguiu aprovação para começar a fazer cruzeiros para a ilha no próximo ano. A JetBlue Airways anunciou, em 3 de julho, que passou a oferecer um voo direto semanal de New York para Havana (rota que ainda é proibida para a maioria dos viajantes).

O Airbnb oferece mais de 2.000 casas de hóspedes em Cuba, mas os turistas norte-americanos estão encontrando dificuldades para reservar acomodações de luxo em Havana, disse Krytiuk. O país tem cerca de 61 mil quartos de hotel, de acordo com dados do Ministério do Turismo.

“Os americanos estão esperam encontrar hotéis cinco-estrelas, mas há apenas um punhado de hotéis quatro-estrelas ou mais em Havana”, disse Krytiuk, que vende pacotes para Cuba há 40 anos. “Cuba, de certa forma, foi pega de calças curtas por não estar preparada para isso.”

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