Por Shira Ovide.
Boa notícia! O negócio do Twitter não vai tão mal — pelo menos pelos padrões tão baixos do próprio Twitter. Bravo!
No primeiro trimestre, a receita do Twitter Inc. caiu em relação a um ano antes pela primeira vez. A empresa não dá lucro e agora as vendas também estão diminuindo. Não é exatamente bom, mas os executivos haviam alertado os investidores para uma possível queda de até 26 por cento e a receita caiu “apenas” 8 por cento.
O número de pessoas que utilizam a rede social pelo menos uma vez por mês está crescendo lenta, mas consistentemente. A companhia informa que os usuários existentes estão mais presentes.
São dados promissores para o Twitter sair do território das empresas fracassadas de tecnologia, onde também habita o Yahoo. A saída não ocorrerá neste ano, mas eventualmente. O ano de 2017 será marcado por resultados financeiros ruins. Na quarta-feira, o Twitter reiterou que o crescimento da receita neste ano ficará “significativamente atrás do crescimento da audiência”. Tradução: 2017 será horrível.
Mas o ano perdido é uma oportunidade. É o momento para a companhia se justificar para seu público mais importante: os anunciantes. A empresa precisa se empenhar em convencê-los que é importante para eles. Atualmente, os anunciantes perderam interesse e isso é terrível para quem gera aproximadamente 90 por cento da receita com a venda de anúncios.
Google e Facebook são incrivelmente bem sucedidos porque seus anúncios funcionam para muitos anunciantes (ou pelo menos eles acreditam que funcionam) e, portanto, é preciso comprar espaço deles. Para anunciantes, o Snapchat é descolado, mas ainda não provou se serve para conquistar os jovens. E o Twitter é o que exatamente? O meio onde as pessoas se divertem falando mal da United Airlines? O Twitter afirma ser o meio para se discutir o que está acontecendo neste exato momento. Isso explica sua existência para os usuários, mas não para os anunciantes que pagam as contas.
A direção avisa que está focada em convencer mais gente a experimentar a rede social e em manter a base existente de fãs – e que, depois disso, os anunciantes voltarão a gastar. No entanto, o Twitter precisa conquistar usuários e anunciantes ao mesmo tempo, em vez de manter uma parte do público no limbo. Os anunciantes precisam ser convencidos e precisam de maneiras mais eficientes de pagar o Twitter para informar as pessoas sobre os motivos que têm para comer no McDonald’s ou para fazer compras no Walmart.
Não que o Twitter esteja ignorando os anunciantes. Nos últimos meses, a empresa tem expandido as possibilidades para clientes comprarem automaticamente anúncios em vídeos, com programação da Sports Illustrated, premiações da MTV e outros conteúdos de alta qualidade.
Faz sentido, mas tantos na web tentam entregar anúncios na forma de comerciais de TV e com o alvo preciso proporcionado pela internet. O Facebook, por exemplo, lança produtos de anúncios em vídeo a toda hora.
Já o Twitter gastou muita energia retirando o que não funciona para os anunciantes em vez de fortalecer o que funciona. E a companhia ainda se recupera das demissões de funcionários que trabalhavam com os anunciantes.
O Twitter pode voltar a crescer se conseguir provar que seus anúncios funcionam. Porém, muitos concorrentes disputam o dinheiro dos mesmos anunciantes. O Twitter precisa reconquistar esses anunciantes agora ou pode perdê-los para sempre.
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