Por Ewa Krukowska.
Reduzir a dependência em relação ao carvão mostrou ser mais fácil falar do que fazer em países como Alemanha, Polônia e Grécia. Agora, a União Europeia está desenvolvendo uma nova ferramenta para ajudar regiões fortemente dependentes do mais poluente dos combustíveis fósseis a mudarem a matriz para uma energia mais limpa sem perder empregos.
A Comissão Europeia lançará em 11 de dezembro uma plataforma que permitirá que essas regiões alcancem os investidores e canalizem melhor os recursos da UE para projetos que ajudem no distanciamento do carvão, disse o vice-presidente da comissão, Maros Sefcovic. A iniciativa faz parte da estratégia da União de Energia do bloco formado por 28 países, supervisionada por ele, que visa a garantir uma energia mais segura e limpa.
A fase-piloto do programa envolve a Polônia e a Eslováquia, e a Grécia espera unir-se em breve. Posteriormente, será estendida à Alemanha, à República Checa, à Romênia e à Bulgária. As centrais elétricas movidas a carvão geram um quarto da oferta energética da UE, mas representam 75 por cento das emissões do setor elétrico.
“Temos de oferecer às pessoas que realizam trabalhos pesados, como os mineiros, e às cidades dependentes do carvão uma alternativa, novas possibilidades de desenvolvimento, novas visões, um novo modelo econômico”, disse Sefcovic a jornalistas, em Bruxelas, na quinta-feira. “Poderia ser uma nova rodovia ou uma nova interconexão ferroviária, recapacitação de pessoal, suporte a novas tecnologias.”
A Europa precisa passar dos combustíveis fósseis para fontes de energia mais verdes para atingir a meta vinculativa de reduzir os gases causadores do efeito estufa em pelo menos 40 por cento até 2030. A meta foi apresentada como contribuição da UE no âmbito do Acordo de Paris, fechado por quase 200 países em dezembro de 2015, para combater o aquecimento global.
“A dependência do carvão é pior na Polônia, na Estônia e na República Checa, e especialmente grande na Alemanha e na Holanda”, disse Simone Tagliapietra, analista de energia da think-tank Bruegel, em Bruxelas, em nota técnica, na quinta-feira.
Usinas de carvão
As usinas movidas a carvão estão no centro das atenções na Alemanha neste mês depois que os partidos políticos discutiram a formação de uma nova coalizão governamental após as eleições. As usinas de energia baseadas no combustível mais poluente geraram 40 por cento da eletricidade do país no ano passado e um terço de suas emissões de carbono, tornando-se o principal alvo de uma solução rápida para aliviar as dificuldades da Alemanha em matéria de proteção climática.
As emissões de dióxido de carbono deverão aumentar pelo segundo ano consecutivo na maior economia da Europa. Apesar de os possíveis parceiros políticos terem concordado em poucos itens antes do colapso das negociações, no fim de semana, houve consenso de que o país deve reduzir a geração de energia baseada no carvão.
A Polônia, onde cerca de 80 por cento da produção de eletricidade vem do carvão, também está percebendo que é inevitável reduzir a dependência em relação ao combustível. O país deve deixar de construir novas usinas convencionais movidas a carvão e investir em suas primeiras usinas nucleares, disse o ministro de Energia, Krzysztof Tchorzewski, em setembro.
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