Por Lucy Meakin.
O dinheiro em espécie pode até continuar sendo a preferência da maioria dos europeus, porém mais de um de cada três deles ficaria feliz em abandoná-lo totalmente.
Vinte e um por cento das pessoas já quase não andam com cédulas ou moedas, e 1 por cento diz que não precisou usar dinheiro vivo há pelo menos um ano, segundo uma pesquisa com quase 15.000 pessoas publicada pela ING nesta quarta-feira. Mais de metade dos participantes disse que usou menos dinheiro em espécie nos últimos 12 meses e a maioria deles projeta que usará menos ainda nos próximos 12.
O futuro do dinheiro está chamando cada vez mais atenção. O desenvolvimento de sistemas de pagamento sem dinheiro vivo, empréstimos entre pares e dinheiro digital coincidiu com um forte crescimento do interesse dos bancos centrais, que abrange também formas de melhorar a transmissão de suas políticas.
“Uma sociedade sem dinheiro vivo não só é possível, mas poderia ser aceita pelo menos por parte da população em muitos países europeus”, disseram pesquisadores dirigidos pelo economista sênior Ian Bright.
Mas ele acrescentou que há um “abismo” entre quem está mudando a forma de pagamento e quem prefere continuar com cédulas e moedas. Na pesquisa, 82 por cento dos que não utilizaram menos dinheiro vivo nos últimos 12 meses disseram que também não pretendem reduzir o uso nos próximos 12 meses.
Metade dos participantes tinha certeza de que conseguiria se virar sem dinheiro em espécie durante pelo menos uma semana e 29 por cento disse que poderia se virar indefinidamente, mas cerca de três quartos dos europeus disseram que nunca vão deixar de usar completamente o dinheiro vivo. Os participantes do Reino Unido – país que espera aproveitar sua reputação de incubadora do desenvolvimento da tecnologia financeira após sair da UE – foram os menos dispostos a abandonar o dinheiro em espécie.
Os economistas da ING também analisaram o impacto da eliminação de cédulas de denominação alta, medida cada vez mais criticada. O Banco Central Europeu descontinuará a nota de 500 euros para combater o crime, apesar da preocupação de que uma medida desse tipo reduza a confiança dos cidadãos no dinheiro vivo, e o professor de Harvard Kenneth Rogoff sugeriu que os EUA abolissem suas notas de US$ 50 e US$ 100.
Somente 6 por cento dos europeus disseram que abandonar a nota de valor mais alto afetaria suas finanças. A mais dependente das notas altas na Europa foi a Turquia, com 15 por cento, em contraste com 18 por cento nos EUA.
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