Usuários pediam bateria melhor. Ganharam celulares que explodem

Por Mark Gurman e Alexandre Boksenbaum-Granier.

A Samsung, sob a pressão de consumidores por baterias mais duradouras que carregam mais rápido, forçou os limites da tecnologia de íon lítio. O esforço saiu pela culatra quando alguns de seus novos aparelhos Note 7 pegaram fogo e explodiram.

Construir uma bateria melhor tem atormentado a indústria de tecnologia. Os smartphones continuam melhorando o tempo todo, com telas mais nítidas, softwares melhores e câmeras que rivalizam com as usadas por profissionais. Mas as baterias, apesar dos avanços ainda morrem mais rápido do que os consumidores esperam e levam muito tempo para recarregar.

“A corrida para somar novas capacidades e funcionalidades ao telefone exige uma bateria mais capaz”, disse Martin Reynolds, analista da Gartner.

Além dos pedidos relacionados ao seu desempenho, as baterias estão se tornando mais finas e menores à medida que as fabricantes de smartphones tentam conquistar consumidores com aparelhos igualmente mais finos. Isso também está colocando pressão no processo de fabricação e aumentando o risco de que os defeitos possam levar ao tipo de mau funcionamento observado nos telefones da Samsung.

O Note 7 deveria se destacar com sua tela estilosa e grande, que vai de uma ponta à outra do aparelho, e com a tecnologia de recarga mais rápida. A Samsung lançou o aparelho em agosto, pouco antes da Apple revelar uma nova série de iPhones. Era a oportunidade para que a empresa com sede em Suwon, na Coreia do Sul, ofuscasse sua maior rival no ramo dos smartphones.

Normalmente as fabricantes de smartphones e as provedoras de telefonia celular testam seus produtos rigorosamente antes de eles chegarem aos clientes, mas o processo se concentra principalmente em assegurar que os aparelhos sejam compatíveis com as redes sem fio. A Samsung deu às operadoras a quantidade normal de tempo de teste antes da data de lançamento, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. A Samsung exibiu os protótipos do Note 7 às operadoras pela primeira vez em abril e os testes começaram em maio, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os acordos não são públicos.

Pelo menos uma parceira importante da Samsung está reavaliando seus procedimentos de testes para identificar problemas como esse no futuro, segundo uma pessoa informada sobre o assunto. A fabricante sul-coreana está realizando diversas reuniões com grandes operadoras parceiras a cada semana para discutir os últimos detalhes de sua investigação e ajudar na mitigação do problema, disse a pessoa.

As dores de cabeça envolvendo a produção de baterias de íon lítio não se restringem ao setor de smartphones. Baterias fabricadas pela Sony que esquentavam demais provocaram o recall de milhões de laptops produzidos por Dell, Toshiba e outras empresas em 2006 e o Boeing 787 Dreamliner sofreu incêndios elétricos após seu lançamento, em 2011.

“Com base na nossa investigação, descobrimos que havia um problema isolado com a célula de bateria”, informou a Samsung em resposta a perguntas, por email. “O superaquecimento da célula de bateria ocorreu quando ânodo e cátodo entraram em contato um com o outro, evidenciando um erro muito raro no processo de fabricação”.

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