Por Javier Blas e R.T. Watson.
A Vale captou US$ 1 bilhão de um sindicato de bancos de diferentes países, dando como garantia os embarques de minério de ferro para a Glencore, disseram pessoas com conhecimento do assunto. O acordo mostra o aperto no fluxo de caixa enfrentado pelas mineradoras.
A maior produtora de minério de ferro do mundo assinou o chamado crédito pré-exportação, que tem prazo de vencimento de dois anos e meio, em junho, disseram as mesmas pessoas, pedindo anonimato porque a informação é privada.
A Vale, que obtém a maior parte de sua receita em minas de minério de ferro brasileiras, foi afetada pela queda do preço da commodity usada na fabricação do aço e pela disparada de sua dívida. Após o pico de US$ 192 por tonelada no início de 2011, os preços do minério de ferro caíram para US$ 38 no fim de 2015. Desde então, se recuperaram para cerca de US$ 56.
A Glencore, que receberá o minério de ferro que garante o negócio, tem exposição mínima ao empréstimo, com um sindicato de bancos cobrindo a maior parte do financiamento, segundo duas pessoas familiarizadas com a estrutura do negócio. A trading revelou em seu balanço da metade do ano que havia adiantado US$ 400 milhões a uma contraparte do setor de minério de ferro até 30 de junho, dos quais US$ 40 milhões eram recursos próprios e US$ 360 milhões foram concedidos pelo “mercado bancário”. A parte não identificada era a Vale, disseram duas das pessoas.
A Vale e a Glencore preferiram não comentar.
Para a Vale, que enfrentou uma restrição de crédito no início do ano devido à queda dos preços das commodities, o acordo pré-exportação era a fonte de financiamento mais barata disponível, disseram duas pessoas familiarizadas com o negócio. O rendimento dos títulos da Vale com vencimento em 2022 subiu para 12 por cento em fevereiro, nível mais elevado desde a emissão das notas, no início de 2012. Desde então, o rendimento se recuperou para 5,3 por cento.
A empresa com sede no Rio de Janeiro se uniu às mineradoras globais Freeport-McMoRan e Anglo American na venda de ativos em um esforço para reduzir sua dívida líquida de mais de US$ 27 bilhões. O CEO Murilo Ferreira levantou a perspectiva de vender alguns dos ativos mais valiosos da empresa em fevereiro, depois que a mineradora reportou seu primeiro ano de prejuízo desde 1997.
Além da Glencore, a Vale manteve conversas neste ano com traders e financiadoras chinesas e japonesas para vender produção futura de minério de ferro em um potencial acordo multibilionário, segundo outras pessoas com conhecimento do assunto.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.