Por Joe Richter e R.T. Watson.
O níquel enfrenta um dilema.
O metal, usado na fabricação de aço inoxidável, está prestes a registrar um aumento da demanda graças à revolução dos veículos elétricos. Mas os preços do níquel continuam baixos demais para desencadear um aumento da oferta da variedade de alta qualidade usada em baterias recarregáveis, segundo a maior produtora do mundo, a Vale.
O dilema vem do aumento registrado nos últimos anos do uso do ferro-gusa de níquel, um insumo alternativo e de menor teor para a indústria de aço inoxidável que está contendo os preços até mesmo do níquel de alta qualidade, disse o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, em entrevista. Quando os preços do níquel sobem, as siderúrgicas da China usam mais ferro-gusa, o que mantém os preços abaixo do piso de US$ 18.000 por tonelada para que a produção de metal de maior qualidade seja viável.
“A situação vai piorar antes de melhorar neste negócio”, disse Schvartsman na sexta-feira na sede da Bloomberg em Nova York. “Eu me surpreenderia se os preços subissem antes que a revolução dos veículos elétricos se torne realidade.”
Schvartsman disse que por enquanto a Vale está protelando grandes investimentos em minas no Canadá e na Nova Caledônia e vai retirar 150.000 toneladas da produção nos próximos três anos para proteger suas reservas e “ter a oportunidade de participar na revolução dos veículos elétricos, se ela ocorrer”.
Índice do níquel
A Vale tem pressionado para criar um índice do níquel de alta qualidade e segmentar as vendas do metal, como ocorre no mercado do minério de ferro. Até agora, a China tem relutado, disse Schvartsman.
O níquel para entrega em três meses subiu 15 por cento e chegou a US$ 14.675 por tonelada neste ano na Bolsa de Metais de Londres, a maior alta entre os seis principais metais negociados na bolsa. Os preços estão disparando com o otimismo de que a transformação do transporte global, defendida por empresas como a Tesla, aumentará a demanda pelos materiais usados em baterias.
A perspectiva da Vale para os preços do níquel reflete a cautela de outros nomes do setor, como o Mercado de Metais de Xangai, que sugeriu que os investidores estão se empolgando demais, e cedo demais, com uma parcela do mercado que continua sendo muito pequena.
Nesta semana, o Goldman Sachs Group afirmou que o níquel deve subir nos próximos cinco anos à medida que os investidores se posicionarem. O banco também alertou que os preços podem recuar no curto prazo.
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