Por R.T. Watson e Peter Millard.
A mineradora brasileira Vale está deixando uma onda de notícias ruins para trás no mercado de bonds.
Os US$ 2,25 bilhões em notas da empresa com vencimento em 2022 subiram 25 por cento desde o início de fevereiro no momento em que a recuperação dos preços do minério de ferro ajuda a restaurar a confiança do investidor. O avanço supera os ganhos das dívidas das rivais BHP Billiton e Rio Tinto. Os detentores de bonds ficaram pessimistas em relação à Vale quando o preço do minério de ferro, ingrediente básico da fabricação do aço, caiu 23 por cento no quarto trimestre. As agências de classificação também rebaixaram a dívida da Vale e sua joint venture Samarco Mineração paralisou as operações após o pior desastre da mineração na história do Brasil.
“Houve uma confluência de sentimentos negativos”, disse Michael Roche, estrategista em Nova York da Seaport Global Holdings. Agora, “a recuperação do minério de ferro atua como um catalisador dos investidores que estão ajustando suas posições”.
O minério de ferro deu um salto de 41 por cento após atingir seu preço mais baixo em pelo menos sete anos em dezembro como parte de uma recuperação global dos preços das commodities.
A Vale está cortando custos e vendendo ativos em um momento em que busca evitar novos cortes em sua nota após dois rebaixamentos nos últimos três meses. A empresa com sede no Rio de Janeiro disse em fevereiro que estava aberta a vender ativos essenciais. Isso marcou uma mudança em relação a uma estratégia anterior de corte de custos concentrada na venda de unidades periféricas, incluindo sete operadoras de minério de ferro e uma participação em uma operação de bauxita no norte do Brasil.
A Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch mantêm perspectivas negativas para as classificações da Vale.
A Vale preferiu não comentar o desempenho de seus bonds.
Outro elemento importante na mudança do sentimento do investidor é o acordo indenizatório anunciado em 2 de março entre o governo e a joint venture da Vale com a BHP. Duas barragens se romperam na mina da Samarco, em Minas Gerais, em novembro, matando pelo menos 17 pessoas e liberando bilhões de litros de lama no Rio Doce.
A Samarco concordou em pagar pelo menos US$ 1,1 bilhão nos próximos três anos pelos danos causados; o acordo poderia abrir caminho para a retomada das operações perto do fim do ano.
“A clareza que conseguimos no acordo da Samarco foi importante”, disse Tim O’Brien, analista de crédito da DBRS, de Toronto. “Não se trata apenas de avaliar os montantes das multas, trata-se de eliminar a incerteza. Parece que se a Samarco for capaz de colocar suas operações em andamento no segundo semestre, a empresa conseguirá pagar as multas por conta própria, sem pedir dinheiro das empresas controladoras”.
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