Por Francois de Beaupuy.
Após quatro anos de cortes, as petroleiras estão prontas para abrir suas carteiras novamente e desenvolver novos campos offshore, mas os benefícios não vão se distribuir igualmente entre as empresas que lhes fornecem de tudo, dos levantamentos sísmicos às bombas e turbinas.
A tão aguardada recuperação dos investimentos dará nova vida às prestadoras de serviços de petróleo que sobreviveram à pior crise dessa geração graças a cortes de custos, fusões e reestruturações de dívidas por vezes dolorosas. Mas, para algumas prestadoras endividadas, a retomada dos investimentos pode chegar tarde demais.
Apesar da volatilidade recente do preço do petróleo, os investimentos em serviços para campos de petróleo offshore subirão 6 por cento em 2019, chegando a US$ 208 bilhões, e depois aumentarão mais 14 por cento em 2020, segundo a consultora norueguesa Rystad Energy. As apostas no segmento caíram quase pela metade desde 2014.
O petróleo caminha para a mais longa série de ganhos diários da história em Londres, impulsionado por cortes de oferta da Opep e pela esperança de alívio das tensões comerciais entre EUA e China, e na quarta-feira o barril subiu para mais de US$ 60 pela primeira vez desde dezembro.
Exploração submarina
As petroleiras deverão se comprometer com 110 novos projetos submarinos neste ano, contra 96 em 2018 e apenas 43 em 2016 — quando o setor reduziu as despesas de capital devido à queda do petróleo.
O mercado para equipamentos submarinos poderá se expandir entre 13 por cento e 14 por cento ao ano até 2023, disse Audun Martinsen, chefe de pesquisa de serviços para campos de petróleo da Rystad, em entrevista. Isso ocorre, em parte, porque os fornecedores estão voltando a elevar os preços.
As empresas que realizam levantamentos de campos de petróleo e as que prestam serviços de apoio e manutenção deverão se recuperar mais lentamente porque o excesso de capacidade em termos de navios continua inundando o mercado, e o setor de sondas, segmento de pior desempenho do ramo offshore no ano passado, deve finalmente melhorar, disse Martinsen.
A provedora de serviços para campos de petróleo TechnipFMC, com sede em Londres, projetou que a receita de 2019 em sua divisão submarina aumentará, mas que as margens podem cair. Neste ano, a empresa projeta uma “atividade forte e contínua” para decisões de investimento em projetos de pequeno a médio porte e “um número cada vez maior de novos projetos submarinos maiores”, disse o CEO Doug Pferdehirt em dezembro.
A norueguesa TGS Nopec Geophysical deve tirar proveito de seu “balanço sólido”, enquanto a Petroleum Geo-Services pode enfrentar “desafios à frente com o saturado mercado de navios sísmicos e a proximidade dos vencimentos das dívidas”, escreveram os analistas do Nordea Glenn Lodden e Even Mostue Naume, em nota, neste mês. A francesa CGG deverá ficar mais atraente quando concluir um plano para se livrar de seus navios sísmicos remanescentes. Contudo, a reestruturação leva tempo e a empresa poderia incorrer em custos adicionais, disseram os analistas. Um porta-voz da CGG preferiu não comentar.
Por outro lado, o mercado de equipamentos usados em plataformas de águas rasas, como bombas, turbinas e trocadores de energia térmica fornecidos por empresas como General Electric, ABB e National Oilwell Varco pode ficar para trás, em parte porque tendem a ser encomendados mais adiante dentro dos ciclos dos projetos, disse Martinsen.
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