Veterano do trading eletrônico quer revolucionar moedas digitais

Por Matthew Leising.

Michael Oved ajudou a Virtu Financial a se tornar a formadora de mercado com a rentabilidade mais constante da história do trading eletrônico. Agora, ele quer revolucionar como bolsas de moedas digitais operam.

A nova empresa que ele ajudou a fundar, a AirSwap, soa como uma contradição em termos: uma bolsa descentralizada. Possibilitada pela nova tecnologia do blockchain de ethereum, ela não tem uma autoridade central em torno da qual compradores e vendedores se reúnem. Em vez disso, um programa informático conhecido como “contrato inteligente” permite que investidores encontrem uns aos outros em qualquer parte do mundo para negociar moedas criptografadas. Não há contas de usuários e as identidades são ocultas, sendo que o trading é realizado de forma exclusivamente interpessoal.

“A originalidade disso é que não há uma Bolsa de Nova York ou uma Nasdaq no meio estabelecendo regras”, disse Richard Johnson, analista de estruturas de mercado da Greenwich Associates e especialista em blockchain, uma rede de computadores que verifica transações em minutos, em vez de dias, como no sistema bancário atual, e possibilita a existência de moedas digitais como o bitcoin. “É legal, nunca vimos isso antes.”

A ideia é basicamente o que muitos simpatizantes do blockchain querem conseguir: eliminar intermediários em setores como finanças, imóveis e assistência médica. Ela também torna as moedas digitais imunes às iniciativas recentes de controlar a negociação por parte de governos como o chinês, que está fechando as bolsas de moedas criptografadas dentro das fronteiras da China.

“É impossível fechá-la e você nem sequer precisa de uma conta”, disse Oved. “Ninguém vai nem saber que há traders chineses no sistema.”

A AirSwap quer atrair grandes traders institucionais, como DRW Holdings e DV Chain, para comprar e vender moedas criptografadas em uma bolsa. A meta de Oved é a porção do trading de moedas criptografadas, estimada entre 60 por cento e 80 por cento, que hoje é realizada no mercado de balcão (ele disse que a AirSwap não tem conexão com DRW, DV Chain nem com nenhum outros grandes traders). Muitas dessas empresas mostraram cautela diante da infraestrutura inadequada para o mercado financeiro e da supervisão básica das atuais bolsas de moedas digitais.

Por causa de sua estrutura única, os maiores riscos para a AirSwap e bolsas similares poderiam vir de órgãos reguladores pela falta de requisitos contra a lavagem de dinheiro e de informações sobre os clientes, disse Johnson. O analista disse que talvez esteja na hora de modificar a definição padrão de um mercado, de “livro de pedidos com limites centrais” para “livro de pedidos com limites descentralizados”.

O trading na AirSwap será feito de forma interpessoal, mediante um motor de busca que encontra outras pessoas interessadas em negociar ether ou determinados tokens de emissões iniciais de moedas, de forma parecida com o trading “dark pool” nos mercados acionários dos EUA, disse Oved. Serão utilizadas listas de preços de terceiros, e um contrato inteligente garantirá que ambas as partes da operação atuem simultaneamente ou que não atuem, para evitar fraudes contra uma das partes, disse Oved. Na terra do ethereum, isto é conhecido como “swap atômico”.

“A beleza do blockchain é que você já não precisa mais de uma câmara de compensações”, disse Oved.

O risco no futuro é que os órgãos reguladores não compartilhem essa bela visão.

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.