Vitória eleitoral de Trump muda clima de feira de arte em Miami

Por Katya Kazakina.

Um retrato de Hillary Clinton é colocado sobre um fundo preto, agora fúnebre. Telas são alinhadas com a edição do New York Times cuja primeira página anunciava “Trump triunfa”.

A política predomina na Art Basel Miami Beach nesta semana, onde artistas e galerias estão usando a maior feira de arte contemporânea dos EUA para expressar frustração e outros sentimentos no rescaldo da eleição presidencial desse país.

“É impossível que pudéssemos fazer outra coisa”, disse Timothy Blum, um dos proprietários da galeria Blum & Poe, sobre a decisão de colocar um luminoso laranja de 2,44 metros de altura criado por Sam Durant onde se lê “End White Supremacy” (acabar com a supremacia branca) no lugar de maior destaque de seu stand — em frente a uma das entradas da feira, que atraiu 77.000 visitantes no ano passado. “É impossível ir para uma feira de arte agora e exibir apenas obras formais.”

Uma pintura de Jean-Michel Basquiat foi vendida por US$ 15 milhões na quinta-feira, o preço mais alto até o momento do evento. Entre os visitantes dos dois primeiros dias estavam os bilionários Dan Loeb e Norman Braman e o músico Jon Bon Jovi. Embora os corredores não estejam tão cheios quanto nos anos anteriores, negociantes informaram vendas rápidas de obras abaixo de US$ 500.000. A 15ª edição da exposição tem 269 grandes galerias internacionais de 29 países, com aproximadamente US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões em obras disponíveis no Centro de Convenções de Miami Beach, de acordo com a AXA Art, uma das patrocinadoras.

Exibida no stand da galeria Helly Nahmad, a obra de Basquiat intitulada “Made in Japan I”, de 1982, foi adquirida pelo colecionador grego Dimitri Mavrommatis, segundo a galeria. Em um leilão em 2014, ela arrecadou US$ 8 milhões.

Clima diferente

Muitas das obras expostas lidam com questões de inequidade de gênero e racial e também com a eleição presidencial dos EUA.

“O clima é muito diferente em comparação com o ano passado”, disse Angela Goding, diretora de desenvolvimento do MoMA PS1, uma instituição de arte sem fins lucrativos na cidade de Nova York. “Normalmente, não se fala de política, não se quer ofender ninguém. Mas agora as regras mudaram.”

O retrato de Hillary feito em grafite por Karl Haendel, que custa US$ 34.000, foi um destaque no stand de Susanne Vielmetter. A imagem fotorrealista mostra a candidata à presidência ao lado de um retângulo preto. O artista elaborou-a no início deste ano. A obra não foi vendida no dia da abertura.

“Inicialmente, pensávamos que ela seria mais comemorativa”, disse o diretor de vendas Kevin Scholl.

Mas os ânimos não estão completamente abatidos. Alguns colecionadores consideram que a presidência de Trump provavelmente dará um impulso ao mundo da arte.

“Se tudo continuar assim, Trump vai ser bom para o mercado de arte”, disse o administrador de hedge fund Jim Chanos. “Os ricos ficando mais ricos, certo?”

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