Volatilidade de moedas troca emergentes por países desenvolvidos

Por Andrea Wong e Liz Capo McCormick.

O fato de os traders se preocuparem mais com o iene do que com a rúpia indiana é um sinal da loucura que invadiu o mercado cambial.

A volatilidade implícita das moedas de países desenvolvidos supera a dos mercados emergentes pela primeira vez em um ano. A dúvida cada vez maior sobre a capacidade dos bancos centrais de gerar crescimento e inflação no Japão e na Europa e o otimismo de que os países emergentes irão evitar uma desaceleração econômica generalizada abalaram os padrões das taxas de câmbio.

“Os investidores têm menos confiança na forma em que o dólar se desempenhará frente aos mercados desenvolvidos, mas eles entendem a narrativa que está sendo vista nos mercados emergentes”, disse Paresh Upadhyaya, diretor de estratégia cambial em Boston da Pioneer Investments, que administra cerca de US$ 236 bilhões. “Tudo isso gera mais um pouco de confiança de que nos próximos três meses os ativos de mercados emergentes vão continuar aumentando”.

A Pioneer comprou reais e rúpias indianas frente ao dólar nos últimos trinta dias.

Iene, rúpia

As moedas dos países do G-7 geralmente são menos voláteis porque os mercados são maiores, as economias são mais estáveis e porque anos de medidas não convencionais de flexibilização mantiveram moedas como o euro e o iene fracas e limitaram as oscilações dos preços. A mudança poderia alimentar outra recuperação das moedas de mercados emergentes, que ganharam 4 por cento neste ano após perderem 15 por cento em 2015.

O índice G-7 Volatility do JPMorgan Chase chegou a 12,4 por cento neste ano, enquanto que sua medição para mercados emergentes chegou a cair para 10,3 por cento. As opções para o iene e a libra estão precificando mais volatilidade do que para a rúpia e o zloty polonês.

As maiores oscilações do iene foram acompanhadas por um avanço de mais de 12 por cento frente ao dólar neste ano, o que vai contra as taxas de juros negativas adotadas pelo Banco do Japão (BOJ), uma política que na teoria diminui o atrativo da moeda. A decisão de manter as taxas inalteradas tomada no mês passado pelo BOJ exacerbou a confusão sobre o rumo do banco central.

A rúpia se fortaleceu 0,8 por cento frente ao dólar nos últimos 60 dias porque investidores estrangeiros colocaram mais de US$ 1 bilhão em ações e títulos indianos neste trimestre, a inflação se estabilizou e o banco central estendeu a flexibilização monetária.

Libra, dólar

A volatilidade da libra atingiu o valor mais alto em seis anos no mês passado, antes de uma votação sobre a permanência do Reino Unido como país-membro da União Europeia no dia 23 de junho, que pode desencadear oscilações mais amplas nos preços de toda a região. O referendo transformou a libra na moeda do mundo desenvolvido com o pior desempenho em 2016.

A detenção da tendência de apreciação do dólar, vigente há dois anos, causou confusão em alguns setores do mercado cambial, disse Greg Anderson, diretor global de estratégia cambial do Bank of Montreal em Nova York. A alta de 20 por cento da moeda americana nos últimos 24 meses se desmoronou em março porque a desaceleração da economia levou o Federal Reserve a diminuir as previsões de crescimento e inflação e a estabelecer um padrão mais alto para o momento em que poderia voltar a elevar as taxas após o aumento de dezembro.

Os ganhos das moedas devidos ao enfraquecimento do dólar não são bem-vindos em países desenvolvidos que lutam para impulsionar o crescimento econômico, mas são bem-recebidos pelos bancos centrais de países de mercados emergentes que lutam contra fluxos de saída de capitais e depreciações. A perspectiva para os mercados emergentes também melhorou desde que a preocupação com o crescimento da China diminuiu e a recuperação dos preços das commodities aumentou a receita de produtores como o Brasil e a África do Sul.

“Os bancos centrais dos mercados emergentes não estão tendo problemas para controlar suas moedas porque agora eles têm fluxos de entrada”, disse Anderson. “Os bancos centrais do G-10 não podem suavizar os movimentos, por isso eles continuam tendo movimentos de preços voláteis”.

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