Volatilidade SA: a bomba-relógio de US$ 8 bi de Wall Street

Por Dakin Campbell, Dani Burger, Donal Griffin e Carolina Wilson.

Este era o negócio da vez em Wall Street, algo aparentemente seguro que atraía a todos, desde gerentes de hedge fund até pequenos investidores.

Agora, os novos investimentos ligados à volatilidade no mercado de ações — que até alguns anos atrás eram desconhecidos produtos de nicho — implodiram de forma espetacular. As ondas de choque estão apenas no começo.

A proliferação desses investimentos é uma história clássica sobre a arte da venda de Wall Street e a velha ganância. Em poucos anos, a engenharia financeira transformou as expectativas sobre os altos e baixos do mercado de ações em uma classe de ativos que podia ser promovida e vendida — tão negociável quanto as ações, mas, como se vê, em alguns momentos muito mais arriscada.

Pode chamar de complexo da volatilidade financeira. No total, os atores financeiros criaram mais de US$ 8 bilhões em produtos ligados a um único índice. Em um mundo de juros baixos, os investidores desesperados por retornos os abocanharam e os bancos recolheram comissões pelo caminho.

Mas, assim como os investimentos em hipotecas de uma década atrás, a complacência — neste caso, durante um histórico e desafiador período de calmaria no mercado — mascarou os possíveis perigos.

Ninguém está afirmando que as fortes oscilações recentes anunciam um grande colapso como o de 2008. Mas as consequências dão uma ideia da série de produtos, e da crescente complexidade, que impulsiona os mercados globais uma década após o último desastre.

O CEO do Barclays, pioneiro das notas ligadas à volatilidade do mercado norte-americano, alertou apenas no mês passado que os investidores podiam estar perdendo o juízo.

“Se essa situação se inverter, segurem seus chapéus”, disse Jes Staley em um painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Agora os chapéus voaram com um redemoinho como Wall Street nunca viu. Para alguns, o complexo de volatilidade parece um monstro que rasteja pelas sombras. Até mesmo um dos inventores do VIX, Devesh Shah, mostra perplexidade pela mera existência desses produtos.

“Todos sabiam que isto era um grande problema”, disse Shah, que tinha 20 e poucos anos quando ajudou a criar aquele que se tornou o barômetro do medo do mercado. “Todos sabem que o Inverse VIX chegará a zero em algum momento e todos esses produtos inversos e alavancados, não apenas no VIX mas também em outros lugares, no fim das contas custarão muito dinheiro às pessoas.”

O que aumenta a angústia é que nem os estrategistas do mercado, nem os gerentes de recursos, nem os bancos que estruturaram esses produtos têm muita certeza sobre o tamanho e a penetração do mercado.

É cedo demais para saber a extensão dos danos. A insistência do Credit Suisse de que o resgate das notas VelocityShares não causará nenhum impacto torna difícil prever como se sairão os demais bancos.

Os possíveis prejuízos provavelmente dependerão de como Wall Street tiver gerenciado sua exposição aos produtos, para os quais normalmente fazem hedge no mercado de futuros.

Uma coisa é certa: o mercado é grande. Os produtos diretamente ligados ao VIX podem gerenciar até US$ 8 bilhões, segundo estimativas do Société Générale.

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