Por Laura Millan Lombrana e Jack Farchy.
Minas gigantes atualmente em construção produzirão mais 1 milhão de toneladas de cobre até 2023, mas o volume não será suficiente para fechar completamente uma lacuna entre oferta e demanda prevista para os próximos anos.
Analistas e executivos reunidos em Santiago esta semana para a conferência Cesco, um dos maiores eventos do setor, esperam mais ganhos: um indicador importante do mercado de minério de cobre – conhecido como concentrado – aponta para o menor nível de oferta em mais de cinco anos. Bancos e corretoras como Morgan Stanley e Macquarie Group colocam o metal entre suas principais apostas.
“Estamos olhando para um ciclo clássico”, disse Colin Hamilton, editor-gerente de commodities da BMO Capital Markets. “Ninguém tem cobre agora, quando está em falta, mas todos têm projetos a caminho em 2022-2023 – potencialmente depois da necessidade de fazer alguma substituição.”
Os contratos futuros de cobre negociados em Nova York subiram para o nível mais alto em mais de três anos no final de 2017. Pouco tempo depois, grandes projetos de cobre que estavam suspensos desde um período de queda de preços em 2016 entraram em fase de construção.
A Anglo American iniciou a construção da mina Quellaveco, no Peru, com operação prevista em 2022, e a Teck Resources anunciou a expansão da mina Quebrada Blanca no Chile, que começará a produzir em 2021. Os dois megaprojetos se unem à mina Cobre Panamá, da First Quantum Metals, cuja produção foi iniciada este ano.
Como resultado, a consultoria CRU, que está organizando a principal conferência durante a Cesco Week, cortou sua previsão de déficit e agora espera que o mercado tenha um pequeno superávit este ano e em 2020. A empresa de pesquisas prevê um déficit de 270 mil toneladas até 2023.
“Os preços estavam mais altos no início do ano passado e, como resultado, muitos projetos foram aprovados pelos conselhos”, disse Vanessa Davidson, diretora de cobre da CRU. “Como temos visto preços mais baixos desde então, muitos começaram a adiar.”
A perspectiva de déficit tem sustentado os preços, mesmo com a preocupação crescente sobre a desaceleração da economia global e persistentes conflitos comerciais. O metal deve terminar o ano em cerca de US$ 2,86 por libra-peso, perto do nível atual, de US$ 2,89, e permanecer praticamente inalterado nos próximos dois anos, disse Davidson. A cotação deve atingir US$ 3,30 em 2023, segundo a CRU.