Por Elisabeth Behrmann, Brian Parkin e Naomi Kresge.
Em meio à busca da Volkswagen AG para substituir o desacreditado CEO Martin Winterkorn, a lista com os principais candidatos abrange desde um veterano com décadas de serviços à VW até alguns recém-chegados com menos de um ano de empresa.
Winterkorn pediu demissão na quarta-feira após revelações de que a empresa fraudou testes de emissão de diesel e poderá enfrentar acusações criminais no caso. O conselho de supervisão da fabricante de veículos disse que discutirá sua substituição na reunião desta sexta-feira.
Entre os possíveis sucessores estão o chefe da unidade Porsche, Matthias Mueller, apoiado por membros da família que controla uma participação majoritária na Volkswagen, e Herbert Diess, um ex-executivo da BMW AG que assumiu o cargo recentemente criado de chefe de marca da VW neste ano, disse uma fonte informada sobre o assunto.
O novo CEO assumirá em um momento em que a VW busca reconquistar a confiança dos consumidores e reconstruir uma marca manchada pelo escândalo. A admissão da empresa de que milhões de seus carros com “diesel limpo” possuem um software programado para enganar os testes de emissões eliminou aproximadamente 20 bilhões de euros (US$ 22,4 bilhões) de sua capitalização de mercado no começo desta semana. As ações subiam nesta quinta-feira.
A saída de Winterkorn “era necessária para a empresa, os trabalhadores, a região e a indústria automotiva alemã, mas é apenas um primeiro passo”, disse Guenter Lach, um parlamentar da União Democrata-Cristã que trabalhou na VW durante quatro décadas e representa os eleitores de Wolfsburg, sede da fabricante de veículos. “A Volkswagen foi severamente sacudida. A empresa agora está no início de uma longa e dolorosa série de ações corretivas”.
Emissões sob vigilância
O escândalo na VW está colocando as emissões do diesel de todo o setor sob vigilância. As ações da BMW AG chegaram a cair 9,7 por cento depois que a Autobild informou que as emissões de uma versão a diesel do SUV X3 chegaram a 11 vezes o limite europeu em um teste real de rua. A BMW respondeu que “todos os sistemas de emissões continuam ativos fora dos ciclos de teste”.
Mueller, 62, comanda a Porsche desde 2010 e poderia ser colocado como CEO interino para estabilizar a Volkswagen até um candidato mais de longo prazo ser preparado, disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres. Mueller começou na Audi como aprendiz de ferramentaria, no início dos anos 1970, e seu foco nos últimos anos passou longe das marcas VW e Audi mencionadas no caso do diesel. Ellinghorst disse que se Mueller fosse escolhido, ele poderia ser rapidamente sucedido por Diess, 56, ou pelo chefe da divisão de caminhões da Volkswagen, Andreas Renschler, 57.
“Eles precisam de gente nova, de um novo sistema”, disse Ellinghorst. “Eles precisam se tornar mais flexíveis e a cultura de liderança precisa mudar”.
Os candidatos
Diess trabalhou 18 anos na BMW, o que inclui períodos à frente dos setores de compras e de desenvolvimento de modelos. Ele deixou a fabricante de carros de luxo no fim de 2014 quando o chefe de produção, Harald Krueger, foi nomeado sucessor de Norbert Reithofer como CEO. Renschler trabalhou na Daimler AG por 25 anos e começou na Volkswagen em fevereiro.
Outro possível candidato pode ser Winfried Vahland, de 58 anos, chefe da Skoda, a marca checa de propriedade da Volkswagen, segundo Sascha Gommel, analista do Commerzbank AG em Frankfurt.
Um rosto completamente novo é improvável, considerando o poder de voto mantido por apenas alguns acionistas. As famílias Porsche e Piech controlam 51 por cento da fabricante de veículos por meio de sua holding, a Porsche Automobil Holding SE, enquanto o estado da Baixa Saxônia, onde a Volkswagen tem sede, possui outros 20 por cento. Nenhum dos lados mostrou muito interesse em contratar alguém de fora para o cargo. E líderes sindicalistas com um interesse especial em um CEO que proteja os empregos, como Winterkorn, mantêm metade dos assentos no conselho de supervisão da empresa.
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