Por Aaron Kirchfeld, Christoph Rauwald e Ed Hammond
A Volkswagen está dando adeus à era de construção de império. A fabricante planeja agrupar seus fragmentados negócios de componentes e rever seu portfólio em busca de possíveis vendas de ativos.
Para afastar a empresa do escândalo de fraude de emissões, a maior crise de sua história, o CEO Matthias Müller está levando a cabo uma abrangente revisão estratégica que inclui o recuo em relação ao foco no crescimento a qualquer custo, introduzindo a empresa no ramo de compartilhamento de carros e intensificando o desenvolvimento de veículos elétricos. A revisão de portfólio avaliará as 12 marcas da Volkswagen, assim como negócios secundários, como o de motores de navios, enquanto a fabricação de componentes de todo o grupo será reunida em uma única entidade, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Müller apresentou seus planos ao conselho de supervisão da Volkswagen nesta terça-feira e resumirá a estratégia para a imprensa nesta quinta-feira. Representantes da Volkswagen preferiram não comentar o assunto antes da apresentação pública.
As medidas fazem “perfeito sentido”, disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres. “O mercado financeiro ainda não parece ter percebido que há mais coisas acontecendo na VW do que algumas pessoas poderiam pensar”.
As ações da Volkswagen subiam 2,2 por cento, para 121,70 euros, às 11h08 em Frankfurt. Os papéis recuperaram mais de 40 por cento desde que atingiram uma mínima após o escândalo, em outubro.
Década de expansão
Müller, que assumiu após o escândalo, procura resolver as fraquezas decorrentes de mais de uma década de expansão, período que incluiu as aquisições da fabricante de caminhões pesados sueca Scania, da fabricante de motocicletas italiana Ducati e da marca de carros esportivos alemã Porsche. O foco no crescimento e a estrutura rígida e centralizada tornaram a Volkswagen lenta para adaptar-se às mudanças e contribuíram para a obtenção de lucros fracos na marca que leva o nome da empresa, em dificuldades antes mesmo da crise que arranhou sua imagem.
A fabricante de veículos planeja combinar as unidades de componentes de cada uma de suas marcas em uma única entidade que incluiria cerca de 70.000 funcionários em mais de duas dezenas de localidades em todo o mundo, permitindo à empresa reduzir custos e aumentar a eficiência com uma gestão única e uma estratégia unificada, disseram as pessoas.
Embora o tamanho do negócio seja difícil de estimar, a Volkswagen divulgou um total de 14,6 bilhões de euros em receitas em 2015 com a venda de componentes a terceiros, incluindo joint ventures chinesas, disse Ellinghorst, da Evercore.
A VW provavelmente também anunciará planos de revisão de portfólio, o que poderia levar à venda de ativos não essenciais, disseram as pessoas. Embora nenhuma decisão tenha sido tomada em relação a quais ativos são dispensáveis ou qual poderia ser o cronograma, entre aqueles que poderiam entrar nessa lista estão a Ducati, a divisão MAN Diesel & Turbo e a especialista em propulsão MAN Renk, disseram as pessoas. Uma oferta pública inicial da divisão de caminhões, que inclui as unidades Scania e MAN, também poderia ser avaliada no futuro, disse uma das pessoas.
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