Wall Street usa ETFs para driblar falta de liquidez de títulos

Por Katie Linsell e Alastair Marsh.

Os investidores estão colocando montantes recorde de recursos em fundos negociados em bolsa em um momento em que a compra e a venda de títulos estão ficando cada vez mais difíceis.

Os ETFs globais de renda fixa, que seguem índices de títulos e são negociados como as ações, atraíram US$ 60 bilhões em recursos neste ano até 25 de maio, segundo dados compilados pela BlackRock. É o maior total para o período desde a criação dos fundos há 14 anos e o volume está a caminho de superar o recorde do ano passado, de US$ 93,5 bilhões.

Os fundos estão surgindo como um dos poucos vencedores após a piora das condições de negociações em um momento em que investidores procuram formas mais baratas de assumir e fazer hedge da exposição ao crédito. A liquidez e a facilidade de uso são as principais razões dadas por cerca de 70 por cento dos usuários de ETFs de títulos, segundo um relatório da Greenwich Associates.

“A entrada de recursos recorde nos diz que os ETFs de renda fixa têm um papel ainda maior a cumprir no futuro”, disse Allan Lane, sócio-gerente da Twenty20 Investments em Londres. “Com um clique você pode acessar todo o mercado. Parece não existir nada que os possa parar”.

Os ETFs de renda fixa gerenciam cerca de US$ 576 bilhões em ativos globais, que variam de títulos do Tesouro dos EUA a títulos corporativos de alto rendimento e dívidas de mercados emergentes. A BlackRock, maior provedora dos fundos, criou o primeiro ETF da Europa para títulos lastreados por hipotecas no mês passado.

Os fundos permitem que os investidores tenham acesso a mercados inacessíveis de outra forma, disse Peter Sleep, gestor de recursos sênior em Londres da Seven Investment Management, que administra cerca de US$ 10 bilhões.

Acesso ao mercado

“Há dez anos, eu jamais investiria em yields altos, dívidas de mercados emergentes ou títulos conversíveis”, disse Sleep. “Eu entrei nisso por meio da compra de ETFs”.

Embora continuem sendo uma pequena parte do mercado de US$ 1,3 trilhão de yields altos, os ETFs estão ganhando popularidade. O iShares iBoxx $ High Yield Corporate Bond ETF da BlackRock, de US$ 15 bilhões, o maior para dívidas de alto rendimento, teve negociação média de 14 milhões de ações por dia neste ano até 27 de maio — mais do que o triplo do volume de dois anos atrás.

“Trata-se de uma forma mais fácil de empregar recursos excedentes na compra de títulos”, disse Anthony Robertson, chefe de finanças alavancadas globais da BlueBay Asset Management em Londres, que administra US$ 58 bilhões. “Se comprássemos títulos, correríamos o risco de não conseguirmos vendê-los posteriormente porque eles são ilíquidos”.

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