Por Anna Hirtenstein.
O primeiro projeto solar na zona de Chernobyl deverá ser encomendado no mês que vem, mais um passo do plano dos desenvolvedores de investir 100 milhões de euros (US$ 119 milhões) e construir capacidade de energia renovável na zona de exclusão radioativa.
O projeto está sendo desenvolvido pela firma de engenharia ucraniana Rodina Energy Group e pela Enerparc, uma empresa de energia limpa com sede em Hamburgo, na Alemanha. Terá 1 megawatt e a construção custará cerca de 1 milhão de euros (US$ 1,2 milhão), segundo Evgeny Variagin, CEO da Rodina.
“Queremos, pouco a pouco, otimizar a zona de Chernobyl”, disse Variagin, por telefone. “Não deveria haver um buraco negro no meio da Ucrânia. Nosso projeto fica a 100 metros do reator.”
O ministro da Ecologia da Ucrânia anunciou em julho de 2016 um plano para revitalizar a faixa de terra de 1.600 quilômetros ao redor do local do colapso nuclear de 1986. A radiação duradoura torna a agricultura e a silvicultura muito perigosas, por isso a energia renovável é vista como algo produtivo a se fazer com a área vazia. Além disso, a zona está conectada às principais cidades do país com linhas de transmissão originalmente instaladas para transportar elétrons a partir da usina nuclear destruída.
Para atrair investidores, o governo está oferecendo terrenos baratos e contratos de oferta padrão relativamente elevados. A Rodina e a Enerparc garantiram um contrato que pagará 15 centavos de euro por quilowatt-hora até 2030. O preço é quase 40 por cento superior ao teto da faixa de referência da Bloomberg New Energy Finance para o custo nivelado da energia solar na Europa.
“O preço mais alto se deve ao risco do mercado, simples assim”, disse Pietro Radoia, analista solar da BNEF. “Acredito que os investidores estejam atrás de retornos maiores por lá.”
Outras empresas de energia também manifestaram interesse. A francesa Engie está realizando um estudo de pré-viabilidade tendo em mente um projeto com escala de gigawatt. As empresas chinesas GCL System Integration Technology e China National Complete Engineering também afirmaram que estão interessadas em construir um parque solar.
A Rodina e a Enerparc planejam desenvolver até mais 99 megawatts em energia solar em Chernobyl. A empresa ucraniana também está aberta a trabalhar com novos parceiros e investidores, disse a Variagin.
A Rodina desenvolveu parques solares na Ucrânia, na Bielorrússia, na Turquia, na Armênia e no Cazaquistão, instalando cerca de 150 megawatts no total.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.