Acordo EUA-China não sai no G-20, diz secretário de comércio

Por Christopher Jasper e Guy Johnson.

A cúpula do G-20, programada para este mês no Japão, não será um fórum para que Estados Unidos e China avancem em uma resolução de sua disputa comercial, disse o secretário de Comércio do governo americano, Wilbur Ross.

O encontro em Osaka, que contará com a presença do presidente Donald Trump e do líder chinês Xi Jinping, é um evento muito amplo para se esperar um avanço, disse Ross em entrevista à Bloomberg TV durante a Paris Air Show. Ele acrescentou que os dois países têm outras questões urgentes para discutir, como a Coreia do Norte e acontecimentos em Hong Kong.

“Acho que, no fim das contas, teremos um acordo com a China, mas não acho que sairá diretamente do G-20″, disse Ross. “A principal coisa que poderia sair é um acordo sobre os princípios de como avançar. É o máximo possível.”

Com Pequim e Washington envolvidos em uma guerra comercial há mais de um ano e centenas de bilhões de dólares de tarifas impostas, o G-20 parecia oferecer a possibilidade de um degelo das relações depois que Trump acusou a China de retroceder em questões importantes. Ross disse que não é prático esperar que os líderes negociem 2.500 páginas de documentação na cúpula.

“Com coisas tão complicadas quanto negociações comerciais, sempre haverá um certo grau de incerteza até que você realmente alcance a linha de chegada”, disse. “Sei que os negócios odeiam a incerteza, mas o mundo real é um mundo cheio de incertezas.”

A abordagem do governo Trump para o comércio deve ser julgada pelos resultados, disse Ross, citando a renegociação do acordo NAFTA e um acordo com a Coreia do Sul. “Todas essas queixas, toda essa angústia, foram uma grande perda de tempo”, disse. “As pessoas devem ter um pouco mais de confiança.”

Ross também discutiu o confronto EUA-União Europeia sobre as tarifas sobre automóveis. Para ele, é improvável que o impasse seja resolvido até o terceiro trimestre, já que os principais membros da UE estão no fim de seus mandatos e seus sucessores ainda não chegaram para negociar. Ross acusou os líderes europeus de falarem sobre livre comércio, mas praticarem protecionismo “extremo”, apontando que as tarifas dos EUA sobre as importações de automóveis são de 2,5% contra 10% na UE.

Ross também usou o primeiro dia da maior feira de aviação do mundo para reiterar um apelo aos governos europeus para que cumpram o compromisso de gastar 2% do PIB em defesa, dizendo que os EUA estão preparados para fazer “um pouco mais” do que a sua parte justa para apoiar a OTAN, mas que seus aliados precisam “avançar”.

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